APEC | Rumo aos 800 milhões de visitantes em 2025

A 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da Cooperação Económica da Ásia-Pacífico, que decorreu em Macau, de 8 a 14 de Setembro, reuniu as 21 economias membros da Ásia-Pacífico e delegados de organizações internacionais de turismo. A facilitação das viagens, a inovação tecnológica na gestão e o desenvolvimento de destinos de turismo sustentável com baixas emissões de carbono são alguns dos princípios da Declaração de Macau adoptada no certame

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Texto Sandra Lobo Pimentel 

 

Ministros e representantes de 21 economias da Associação de Cooperação Económica da Ásia-Pacífico (APEC) reuniram-se na RAEM para discutir o futuro da indústria na região. Da reunião resultou a adopção da Declaração de Macau que apontou a meta de 800 milhões de turistas até 2025 e vai ser apresentada em Pequim, em Novembro, por ocasião do Fórum de Cooperação Ásia-Pacífico daquela organização.

A 8.ª Reunião Ministerial de Turismo da APEC decorreu entre 8 e 14 de Setembro no Macau Dome e juntou 152 participantes, incluindo ministros de turismo ou representantes dos membros da Ásia-Pacífico e delegados de organizações internacionais de turismo.

O objectivo traçado na Declaração de Macau é mais do dobro dos números actuais, já que as economias membros da APEC receberam 355 milhões de turistas internacionais em 2013, segundo dados do Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTCC, na sigla inglesa).

Na abertura da 8.ª Reunião Ministerial de Turismo, o vice-primeiro-ministro da China, Wang Yang, sublinhou que “ao removermos as barreiras e melhorarmos a integração do mercado de turismo da Ásia-Pacífico, a APEC pode atingir o novo objectivo de 800 milhões de turistas até 2025”.

Já o director da Administração Nacional de Turismo, Shao Qiwei, referiu a meta do número de visitantes e elencou os oito princípios da Declaração de Macau, recordando que refere a facilitação das viagens, a inovação tecnológica na gestão e o desenvolvimento de destinos de turismo sustentável com baixas emissões de carbono.

A melhoria dos mecanismos de coordenação do turismo, conectividade e promoção do desenvolvimento integrado do sector com outras indústrias foram também mencionadas num encontro em que a facilitação do movimento de turistas na região da Ásia-Pacífico foi apontada como prioridade.

O Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, salientou a oportunidade da co-organização da 8.ª Reunião Ministerial do Turismo da APEC para mostrar a região como uma “plataforma de rede ideal” e, ao mesmo tempo, “apresentar Macau ao mundo”. “Com isso, não só podemos melhorar o estatuto e influência internacional de Macau, mas também promover o desenvolvimento da nossa cidade enquanto centro mundial de turismo e lazer”, frisou.

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China preparada para cooperação

Shao Qiwei destacou a região da Ásia-Pacífico como o mercado de turismo que mais cresce a nível mundial, sublinhando o dinamismo da China enquanto mercado emissor. “Estimamos que 101 milhões de turistas chineses viajem este ano para fora do país”, afirmou.

“Os membros da APEC pretendem trabalhar na melhoria dos processos de vistos e encurtar o tempo de espera para os passageiros nos aeroportos, para ajudar a impulsionar o crescimento da indústria do turismo. Ao melhorar o processamento de vistos, a APEC tem a ganhar até 57 milhões de chegadas de turistas internacionais adicionais em 2016 e estima-se que 2,6 milhões novos postos de trabalho”, referiu a organização do evento.

A ministra do Turismo e das Indústrias Criativas da Indonésia, Mari Elka Pangestu, citou aos jornalistas um estudo realizado no ano passado, salientando que “os movimentos de pessoas e mercadorias podem ser melhorados, seja através da cooperação nos vistos ou através da aprendizagem das melhores práticas, incluindo o uso de tecnologias para simplificar os procedimentos” e a partilha de dados no âmbito do bloco.

Já o director executivo do secretariado do bloco, Alan Esmond Bollard, destacou como “muito revigorante a discussão sobre as fontes de crescimento nos sectores do turismo em todas as economias da região – e muitas delas estão a crescer muito rápido”.

Já Shao Qiwei afirmou que a China está pronta para trabalhar com as outras economias da Ásia-Pacífico para acelerar a integração, cooperação e desenvolvimento do turismo na região. “Hoje estamos perante um novo ponto de partida histórico. A China está pronta a trabalhar com as outras economias da APEC para acelerar a integração do turismo e conectividade, facilitando a convergência da indústria, promovendo o uso da tecnologia no turismo e o desenvolvimento sustentado, com vista a um novo futuro da cooperação e desenvolvimento da região Ásia-Pacifico”.

O responsável sublinhou que “a região da Ásia Pacífico tornou-se um importante motor da recuperação económica” e que “a APEC é um veículo significativo para o desenvolvimento regional e global”.

Dados oficiais citados pela agência noticiosa Xinhua revelam que o número de turistas estrangeiros que visitam a China aumentou 76 vezes nas últimas três décadas. Em 2013, a China atingiu 55,69 milhões de visitantes estrangeiros. Por outro lado, cerca de 100 milhões de turistas chineses viajaram para o exterior no ano passado, e 3,2 milhões visitaram atracções turísticas dentro do país.

Entre os 18 maiores mercados emissores de turistas da China, 12 são economias membros da APEC, as quais contribuíram com 70 por cento dos turistas estrangeiros que visitaram a China em 2013. “Hoje, a região da Ásia-Pacífico é o maior mercado do mundo da aviação e destino internacional, e o mercado turístico emissor que mais cresce e que tem maior potencial”, afirmou Shao Qiwei.

“Enquanto membro da família APEC, a China implementou reformas e promoveu a abertura durante mais de 30 anos”, acrescentou o director, frisando que o turismo se tornou um indicador da melhoria das condições de vida do povo chinês, bem como um pilar estratégico da economia chinesa.

Sobre Macau, destacou “a beleza” e “as vantagens da posição geográfica” da cidade. “A Administração Nacional de Turismo da China está totalmente comprometida em apoiar Macau a desenvolver o turismo de uma forma global e a expandir as trocas de turismo e cooperação com o resto do mundo, de modo a que Macau possa tornar-se um centro internacional de turismo e lazer o mais rápido possível”, adiantou.

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Chave pode estar nas ligações aéreas

O estabelecimento de um plano para aproximar os países da Ásia-Pacífico, através de melhores ligações aéreas, é uma das grandes prioridades do grupo de trabalho do turismo da APEC. Javier Guillermo Molina, representante do Turismo do México e membro da Unidade para a Cooperação Internacional, destacou, entre os projectos mais importantes, a “conexão, através de voos, da região da Ásia-Pacífico” e o desenvolvimento de “aeroportos mais amigos do passageiro”. “Temos muito a fazer no que toca a ligar a região. Hoje fiz uma viagem de 14 horas dos Estados Unidos para Hong Kong. Ligar uma região tão grande coloca muitos desafios”, sublinhou.

 

 

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Macau é “bom exemplo” de desenvolvimento do turismo

Presente no início das reuniões, o filipino Rolando Cañizal, fez elogios a Macau, apontando a RAEM como “um bom exemplo de como o turismo se pode desenvolver, equilibrando questões ambientais e património, ao mesmo tempo que garante que os diferentes produtos que os turistas precisam estão disponíveis, num espaço muito limitado”. O representante do Turismo das Filipinas reconheceu que em Macau é possível observar “congestionamento em algumas áreas”, mas acredita que o problema pode ser solucionado apostando num “turismo mais integrado”. “Não apenas focando numa área mas desenvolvendo o potencial de outras áreas também”, afirma. Confrontado com a falta de espaço num território com cerca de 30 quilómetros quadrados e um fluxo anual de 30 milhões de turistas, Cañizal defendeu que “há sempre soluções para problemas geográficos, criando as infra-estruturas certas”.