Descoberta molécula que coordena ciclos de florescimento do bambu

Uma equipa de biólogos chineses descobriu a molécula responsável pela coordenação dos diferentes genes que intervêm nos ciclos de florescimento massivo do bambu.

 

Esta investigação, publicada na mais recente edição da revista científica Plant Molecular Biology Reporter, poderá contribuir para explicar o florescimento massivo do bambu, um processo que lança ainda mais perguntas do que respostas e é especialmente sensível na China, onde a planta é alimento dos pandas, símbolo nacional.

Os cientistas chinesas encontraram uma molécula de ácido ribonucleico (ARN) chamada “dla-miR18” que acreditam que desenvolve uma função central na coordenação dos mais de 200 genes que se suspeita que participam nos ciclos de florescimento massivo do bambu. “A actuação do ‘dla-miR18’ é muito marcante. Depois do florescimento, os seus níveis podem aumentar até 100 vezes face à etapa anterior”, disse a investigadora do Instituto de Botânica de Kunming, da Academia de Ciências da China Guo Zhenhua, responsável pelo estudo.

A equipa de cientistas que dirige trabalha com o bambu desde 2007, na província de Yunnan, no sul do país.

A principal dificuldade tem sido esperar pelo florescimento, uma vez que algumas espécies da planta demoram décadas a fazê-lo.

Guo Zhenhua reconheceu que a descoberta figura “apenas como o primeiro passo” e que é preciso realizar mais experiências para aprofundar o mecanismo de funcionamento do ‘dla-miR18’.

Os ciclos de florescimento massivo de bambu são um fenómeno natural que ocorrem a aproximadamente a cada meio século e sobre o qual se conhecem poucos detalhes.

Estas plantas apenas florescem uma vez e depois morrem, podendo levar a que os pandas se vejam privados da base da sua dieta alimentar, o que sucedeu na década de 1980, resultando na morte de 40% dos exemplares dessa espécie.

Além de significar boas notícias para os pandas, descobrir o segredo do florescimento do bambu pode também ajudar os agricultores que vivem da produção da planta.

No entanto, o tempo que este estudo implica significa que os investigadores enfrentam dificuldades para financiar o seu trabalho. “Algumas entidades financiadoras esperam que apresentemos resultados em dois ou três anos, ou cancelam-nos os fundos. Esta situação é muito perturbadora porque alguns dos bambus que monitorizamos podem levar duas ou três décadas a florescer”, explicou Guo.