Centro de Macau vai formar professores de português na China

O Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa, em Macau, promove este ano, pela primeira vez, formação de professores de português em universidades chinesas, disse à Lusa o presidente.

 

Esta é a grande novidade num “ano de viragem” em que se preparam também várias publicações e actividades inéditas, disse Carlos André, presidente do centro do Instituto Politécnico de Macau (IPM).

O centro, que sempre teve a vocação de formar professores de português, aposta agora na China Continental, contando chegar a cerca de 50 docentes em 2015, embora garantindo que os professores de Macau não serão esquecidos. “Vamos fazer acções de formação para professores de Português da Direcção de Serviços de Educação e Juventude, mas estamos a trabalhar sobretudo na China. Em Março começam as nossas formações em universidades chinesas”, disse o responsável, que em 2013 trocou a Universidade de Coimbra, onde dirigia a Faculdade de Letras, por Macau.

“Em Julho passado juntámos cá [em Macau] 20 professores de universidades chinesas mas agora vamos dar um passo muito significativo, vamos trabalhar nas universidades deles. Isso nunca tinha acontecido”, disse à agência Lusa.

Carlos André salientou que “ensinar português como língua estrangeira hoje é uma aérea científica e pedagógica específica que exige investigação, preparação adequada e formação elevada ao nível do doutoramento”.

Como a maioria dos docentes de português não tem ainda esta valência científica, o centro, composto por especialistas nesta área, disponibiliza formações de curta duração para ajudar a ultrapassar problemas.”Eles queixam-se de dificuldades concretas. Como é que se trabalha a diferença estrutural entre o português e o chinês? Como é que se passa da oralidade para a escrita? Só pessoal especializado sabe responder”, defendeu.

Estas acções de formação vão juntar docentes chineses de diversas cidades: Cantão, Zhuhai, Hainan, Xangai, Hangzhou, Nanjing, Dalian, Xian e Tianjin. “São formações de curta duração, 12 a 15 horas. A nossa intenção é repeti-las. Este é um processo que não pára. Em 2015, seguramente que teremos entre seis e oito acções de formação em universidades chinesas que, no total, vão abranger mais de 50 docentes com formação universitária pós-licenciatura”, explicou.

Dependente unicamente dos recursos financeiros de Macau, o Centro Pedagógico e Científico de Língua Portuguesa resulta de uma “opção estratégica” do Governo local, que quer ver o território cumprir a função de centro do ensino do português na Ásia, um desígnio definido pelas autoridades de Pequim.

O centro prepara outras novidades para este ano, incluindo diversas publicações: um manual, um glossário de provérbios e expressões idiomáticas portuguesas em versão bilingue, um livro sobre literatura de Macau e sobre Macau, entre outros.

Estão ainda agendados cursos de português para funcionários do IPM e formação para diplomatas chineses à espera de serem colocados em países lusófonos.

Carlos André disse não ter dúvidas que o ensino do português vai continuar a aumentar. “É bom que tenhamos consciência que há dez anos havia seis instituições de ensino superior na China onde se aprendia português. Hoje há 26. O interesse é crescente”.