Why Macau?

Christine Hong
YunYi Arts and Cultural Communications Association, 2015


Vinte e seis autores de diferentes etnias e contextos profissionais partilham impressões pessoais sobre Macau. Uma obra que reflecte o multiculturalismo que faz da cidade aquilo que ela é hoje.

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Texto Sofia Jesus | Fotos Gonçalo Lobo Pinheiro

 

A ideia surgiu-lhe numa noite de Verão quando passava a ponte vinda da Taipa. Christine Hong olhou o horizonte e descobriu que a cidade onde nascera já não era a mesma. Mais à frente, numa família de cabelos louros, a sair de um supermercado, apercebeu-se que Macau era agora um sítio onde as pessoas “escolhem ficar”. E deu consigo a pensar: “Porquê?”

Why Macau (ou Porquê Macau, em português) é um livro que reúne testemunhos de 26 autores. São histórias de vida contadas na primeira pessoa, na língua que mais agrada a cada uma.

A prioridade na selecção dos textos foi a “diversidade”, explica a editora, Christine Hong, à MACAU. No livro, lançado recentemente pela Associação Cultural YunYi, de que Christine Hong é a fundadora, ouvem-se vozes de engenheiros civis, artistas, arquitectos, professores, funcionários públicos, empresários, executivos do sector do jogo, entre outros. Vozes de gente oriunda de Macau, do Interior da China e de lugares mais distantes, como Filipinas, Japão, Portugal, Alemanha, França ou Estados Unidos.

Numa amostra tão diversificada, Christine Hong encontra, no entanto, algo em comum: “Todas estas pessoas chegam com um objectivo: fazer deste sítio um lugar melhor”. E todas têm uma parte em que vêem Macau “como um lugar muito acolhedor, um lugar onde é possível construir sonhos”.

 

“Não queria ser uma máquina”

Ao An Wa, 24 anos, é a mais nova dos 26 autores. Regressou há pouco tempo ao território, depois de se ter licenciado em Taiwan e passado cerca de dois anos a viajar pelo mundo. Nas páginas de Why Macau, a escritora freelancer, apaixonada também pela fotografia, explica, em chinês, tanto o que a levou a partir, como o que a levou agora a ficar. Partiu porque precisava de ver o mundo: “Não queria ser uma máquina”, explica à MACAU. Ficou, porque descobriu que, ao contrário do que pensava inicialmente, tem algo a dar de volta à cidade onde cresceu.

“De início, achei que não conseguia respirar”, conta, apontando o dedo à imensidão de “tráfego”, “casinos” e “espaços comerciais”. Foi-lhe difícil encontrar um equilíbrio entre um “emprego interessante” e um “emprego chato”. Mas, depois de conhecer alguns artistas locais, e de a YunYi a ter desafiado a escrever o seu próprio livro (a lançar ainda este ano), percebeu que poderia dedicar-se às artes em Macau.

Com cada texto publicado apenas na sua versão original, Why Macau inclui depoimentos em sete idiomas diferentes. A editora não arriscou traduções, porque “é difícil” assegurar a sua qualidade, mas espera que quem compre o livro aproveite a deixa para pedir ajuda a um amigo nativo. Afinal, lembra, citando um dos autores, Macau é “um cocktail”. “Agora mais do que nunca.”

 

Why Macau?

175 páginas

Edição de Christine Hong, com ilustrações de Nio Ni

YunYi Arts and Cultural Communications Association

MOP 178