Macau 5.0

Gonçalo Lobo Pinheiro
Edição de autor, 2015


Numa edição de autor, com mil exemplares, qual verdadeiro álbum de fotografias dos últimos cinco anos passados na cidade

15

 

Normalmente, não entram nas fotos, mas em Macau 5.0, Gonçalo Lobo Pinheiro encontrou uma cidade fotogénica, que até sabores e cheiros deixou à mercê da sua lente. Numa edição de autor, com mil exemplares, qual verdadeiro álbum de fotografias dos últimos cinco anos passados na cidade, a obra é um pequeno apogeu na carreira do fotojornalista radicado em Macau

 

Texto Sandra Lobo Pimentel

 

Para um fotojornalista, publicar um livro de fotografia é uma realidade quase inevitável. Com Gonçalo Lobo Pinheiro não foi diferente e assim surgiu o projecto Macau 5.0, uma obra que reúne mais de 300 fotografias captadas na RAEM. O autor considera “um pequeno apogeu” da sua carreira, que este ano completa 15 anos de dedicação ao fotojornalismo, cinco dos quais passados em Macau. “Achei uma data interessante e também coincide com uma altura de maior disponibilidade para escolher fotos”, explicou.

O sonho de ter um livro seu, depois de algumas participações em obras colectivas de fotografia, estava à partida definido: queria um livro a cores, com 500 fotografias e uma edição de autor limitada a 1979 cópias, simbolizando o ano do seu nascimento. Apesar de este lado do mundo oferecer condições de impressão financeiramente mais vantajosas, Gonçalo viu-se obrigado a reformular a ideia inicial. Macau 5.0 terá mil exemplares e contempla 314 fotografias a preto e branco. “Parti da estaca zero. Mas tinha muito presente que o meu primeiro livro seria uma edição de autor. Tinha que ser uma coisa minha.”

 

13

 

Os apoios reunidos foram importantes, todos de Macau, mas o projecto acabou por se render à ditadura do orçamento. “Os livros de fotografia, per si, já são muito caros. A qualidade do papel tem que ser diferente, a paginação. É muito mais caro que um livro normal.” Não é uma edição de luxo, mas é uma edição limitada, o que aliás, era um princípio do qual não se queria desviar. “Estou contente. Este foi o livro que pude fazer dentro das circunstâncias que me foram dadas.”

O autor prefere referir-se a Macau 5.0 não como um livro, mas como um álbum fotográfico, “com conotações fotojornalísticas”, da sua vivência na região nos últimos cinco anos. “Não tem nenhum encadeamento. O fio condutor é Macau. Obviamente que as fotografias não estão colocadas sem sentido, mas não se pode dizer que haja uma narrativa.” As imagens captadas são das mais variadas: património, edifícios novos, negócios tradicionais, mas, essencialmente, o quotidiano das pessoas, principalmente da comunidade chinesa. “O que tem mais é a vida das pessoas. Como ir ao jardim de Lou Lim Ioc e perder-me lá durante horas a tirar fotos sem as pessoas sequer se aperceberem que foram fotografadas. Como na zona velha da cidade, na Barra, no Porto Interior, andar naqueles pátios, ficar uma hora sem que aconteça nada e, de repente, aparece alguém com um saco de compras que faz uma expressão especial que é captada.”

 

7

 

A ausência de cor foi uma opção condicionada pelo orçamento, até porque Gonçalo se confessa um “homem da cor”, mas admite que nesta obra, o preto e branco acabou por transformar algumas das imagens. “Algumas fotografias da minha escolha ficaram melhores a preto e branco do que ficariam com cor. O preto e branco dá solenidade e uma certa nostalgia, porque, ao fim e ao cabo, estou a fazer uma mostra de imagens do passado.”

Macau “é uma cidade fotogénica”, admite o autor, e mesmo que não tenha a luz de muitos países da Europa, entre os quais Portugal, de onde é natural, a cidade “tem um sem número de coisas interessantes de fotografar e tem contrastes e cores que não encontrei noutros sítios”.

 

14

 

Macau 5.0 foi apresentado no dia 10 de Setembro no auditório da chancelaria do Consulado de Portugal em Macau, acompanhado de uma exposição, com 50 fotografias seleccionadas pelo autor, que ficarão expostas até ao dia 10 de Outubro. Cada exemplar tem o preço de 250 patacas, e as fotografias expostas podem ser adquiridas pelo público, com um custo de mil patacas cada uma.

 

Macau 5.0_GLP

 

Macau 5.0

Gonçalo Lobo Pinheiro

Edição de Autor

MOP 250