Rota das Letras arranca no sábado em Macau com mais de 50 escritores de 25 países

Mais de 70 convidados, incluindo mais de 50 escritores, de cerca de 25 países, marcam presença no Rota das Letras, que arranca no sábado, em Macau, “com expectativas muito altas”, disse o sub-director do festival, Hélder Beja.

A sexta edição do Festival Literário de Macau – Rota das Letras decorre entre sábado e 19 de Março e junta autores internacionais, do universo lusófono e chinês, num programa com mais de 100 eventos, incluindo exposições, filmes e concertos, e que além de sessões para o público em geral também vai às escolas.

“Estamos com muita vontade que o festival comece, por mim começava já amanhã. (…) Não é nervos, não é ‘stress’, é muita pressão porque é muita coisa a acontecer ao mesmo tempo e a dada altura o melhor é que cheguem as três da tarde de sábado para a bola começar a rolar e depois as coisas começam a acontecer”, disse Hélder Beja.

Este ano o programa passa pela ficção chinesa contemporânea, bem como pelo romance histórico, poesia, ensaio e literatura infantil, entre outros. “As expectativas são muito altas. Acho que é um programa muito bom, em termos de ‘line-up’ e de temas. Acho que se o festival pudesse ter todos os anos um programa perto do que este vai ser já seria fantástico para os próximos anos. Não vai ser fácil continuar a manter esse nível, mas vamos tentar”, afirmou o responsável.

A banda desenhada é um dos destaques, com uma sessão logo após a cerimónia de abertura e uma exposição do cartoonista português radicado em Macau Rodrigo de Matos. “É uma sessão que também faz aquilo que gostamos de fazer sempre que é a ponte entre diferentes culturas. Portanto, temos representados vários países, com a presença de um autor chinês – o Dick Ng –, do Filipe Melo [Portugal] e de dois autores francófonos: o Philippe Graton e o Clément Baloup, que também tem ascendência vietnamita e trabalha muito sobre o sudeste asiático”, disse.

Na primeira semana, Hélder Beja destaca, “no programa lusófono, a passagem novamente por Macau de José Rodrigues dos Santos, de Raquel Ochoa e de João Morgado”, observando a “presença forte do romance histórico com estes três autores”.

Outro dos autores confirmados, que a organização do Rota das Letras queria trazer a Macau há algum tempo, “é Pedro Mexia, poeta, crítico literário, enfim, um intelectual fantástico”.

Na literatura chinesa, o festival recebe pela primeira vez “Lo Yi-Chin, um autor bastante importante de Taiwan, que venceu o ‘Dream of Red Chamber’, o maior prémio de literatura de Hong Kong”.

Também durante a primeira semana estão agendadas sessões, incluindo nas escolas, com a “autora da literatura infantil Qin Wenjun, que é uma das maiores autoras de literatura da China”.

“Depois temos o fim de semana com muitos espectáculos, vários filmes durante a noite: a Clara Law – cineasta que nasceu em Macau – também vai mostrar dois filmes, a Sofia Leite, de Portugal, vai mostrar dois documentários – um sobre a Cesária Évora, com a presença do ministro da Cultura [de Cabo Verde], o Abraão Vicente, que também estará por aqui a dar várias sessões”, disse Hélder Beja.

O sub-director do festival sublinhou que “apesar de haver autores internacionais na primeira semana, a segunda torna-se ainda mais internacional, com a visita de Madeleine Thien e de Graeme Burnet, dois finalistas do Booker Prize”.

É também na segunda semana que o Rota das Letras recebe “Yu Hua, o autor chinês talvez mais destacado desta programação de 2017, a jovem autora Zhang Yueran, que também é uma das principais autoras chinesas da programação, e depois, no que toca a autores lusófonos, o Bruno Vieira do Amaral, Prémio Saramago”.

À excepção de Timor-Leste, há “representantes dos vários países da lusofonia e também de lugares que, já não estando ligados a Portugal também ainda têm algumas ressonâncias portuguesas”, como é o caso da Jessica Faleiro, de Goa.

“Vamos ter um autor da Guiné-Bissau [Abdulai Silá], uma autora moçambicana, a Deusa d’África, também conhecida como activista cultural – organiza um festival de poesia além de escrever –, um autor cabo-verdiano, o Abraão Vicente, e de São Tomé e Príncipe temos também a Inocência Mata, que está a viver em Macau”, disse.

A escritora brasileira Natália Borges Polesso, cujo livro de contos “Amora” lhe valeu o Prémio Jabuti de 2016, também estará no festival, tendo sido uma das últimas presenças confirmadas.