MIF | “Grande Baía”, países de língua portuguesa e mais oportunidades de desenvolvimento

Com a iniciativa “Grande Baía”, Macau terá oportunidade de desempenhar o papel de plataforma entre o Interior da China e os países de língua portuguesa, defende Jackson Chang, presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau. Este ambicioso projecto de integração económica vai ser um dos temas em destaque da Feira Internacional de Macau, que se realiza já este mês.

 

 

Texto Catarina Domingues | Fotos Carlos Gonçalves

 

Um fórum sobre a iniciativa “Grande Baía Guangdong-Hong Kong-Macau” vai ser, de acordo com o Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM), uma das novidades da 22.ª edição da Feira Internacional de Macau (MIF), que se realiza este ano entre 19 e 21 de Outubro.

A “Grande Baía” é um projecto de integração económica que tem como objectivo aproveitar o melhor de nove cidades da província de Guangdong (Dongguan, Foshan, Cantão, Huizhou, Jiangmen, Shenzhen, Zhaoqing, Zhongshan e Zhuhai) e das duas regiões administrativas de Macau e de Hong Kong, e tornar-se numa zona metropolitana de nível mundial. “Temos trabalhado de perto com estas nove cidades, mas agora com esta política nacional [Grande Baía], penso que o futuro de Macau passa por intensificar esse trabalho”, diz em entrevista à MACAU o presidente do IPIM, Jackson Chang, acrescentando que “vão ser convidadas diferentes cidades para participarem neste fórum” da MIF.

O projecto nacional, que começou a ganhar forma em Julho deste ano, quando representantes das três regiões assinaram o acordo-quadro para o desenvolvimento da estratégia da “Grande Baía”, poderá ajudar Macau a reforçar o seu papel como “ponte para o mundo”, defende ainda o responsável. “No que diz respeito aos países de língua portuguesa, eles podem utilizar Macau como plataforma para ter acesso à Grande Baía, a essas nove cidades”, diz.

E como será o futuro desta região? O presidente do IPIM acredita que, apesar deste novo projecto “estar ainda a começar”, a tendência será “a gradual integração”. “Será mais prática a circulação de pessoas e bens entre estas cidades. Será cada vez mais acessível”, prevê Jackson Chang, considerando que, com a conclusão da nova ponte em Y, que vai ligar Macau a Zhuhai e Hong Kong, este processo de integração será facilitado.

 

Países de língua portuguesa com exposição independente

A 22.ª edição da MIF, que se realiza no Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau, ocupa este ano uma área de 30 mil metros quadrados e conta com mais de 1600 expositores, distribuídos por pavilhões dedicados a várias províncias e cidades chinesas, aos países de língua portuguesa (PLP), ASEAN e continentes europeu e americano. Ao longo destes dias, vão ser organizados fóruns temáticos de alto nível e conferências e sessões económicas e comerciais internacionais com o objectivo de promover o investimento e a cooperação, como é o caso do “Fórum para o Comércio e Investimento Internacionais” e a “Cimeira Mundial dos Empresários Chineses”.

À semelhança do ano passado, também esta edição estabeleceu um “País Parceiro” e uma “Província Parceira”, que serão Angola e Guangdong, respectivamente – no ano passado foi a vez de Portugal e Pequim. Além de expositores com produtos e serviços das duas regiões, o IPIM decidiu organizar um seminário sobre as possibilidades de cooperação e intercâmbio entre Angola, Guangdong e Macau.

Este ano, a MIF convidou, além disso, alguns dos países que fazem parte da iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota”, um projecto cujo objectivo passa por intensificar as ligações e dinamizar o comércio entre economias da Ásia, Médio Oriente, Europa e África. O Camboja é um desses países e vai organizar em conjunto com Macau um fórum temático de alto nível.

Outra das novidades da Feira Internacional de Macau de 2017 é a “Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa”, que este ano será “um evento independente” com 200 expositores, mais 50 por cento do que no ano anterior. “No ano passado, esta exposição era apenas um pavilhão da MIF, mas desta vez vai ser maior e vamos ter mais representantes dos países de língua portuguesa, para mostrar ao mundo e ao Interior da China que Macau é uma plataforma, que queremos consolidar a plataforma”, nota o presidente do IPIM, referindo que também São Tomé e Príncipe estará presente este ano, país que aderiu recentemente ao Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa.

 

 

Marca Macau

Num balanço às mais de duas décadas de existência da Feira Internacional de Macau, o presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau sublinha que o evento não cresceu apenas em dimensão, mas também “teve grandes progressos ao nível da internacionalização, popularidade e eficácia”.

Jackson Chang recorda: “Em 1990, com o gradual fim das quotas têxteis globais, a indústria de vestuário enfrentava uma nova realidade. Muitos processos de produção foram transferidos para fora de Macau e a estrutura económica mudou [a sua base] da indústria transformadora para o sector de serviços. Os produtos ‘Made in Macau’ ficaram reduzidos e em resposta a esta mudança no mercado, o IPIM começou a focar-se na promoção dos produtos com ‘Design em Macau’ e nas ‘Marcas Macau’. Foi assim que nasceu em 1996 a Feira Internacional de Macau”.

De acordo com estatísticas da organização, desde a primeira edição, a área de exposição já aumentou 10 vezes – de 3000 para 30 mil metros quadrados – e o número de expositores subiu de 100 para 1900. “Era uma plataforma de empresas para promover as exportações e importações, mas mais tarde, com o rápido desenvolvimento da economia de Macau, começou a forcar-se na promoção da diversificação moderada da economia e na construção de uma plataforma de cooperação e comércio”, considera Jackson Chang, salientando que a MIF é actualmente a exposição mais emblemática da cidade. “Quando falamos em Cantão, pensa-se logo na Feira de Cantão, em Macau pensa-se na MIF”, vinca.

Ainda de acordo com o presidente do IPIM, a MIF, que foi a primeira exposição local certificada pela UFI (sigla para The Global Association of the Exhibition Industry), tem dado apoio local e internacional às pequenas e médias empresas de Macau no sentido de explorarem novos mercados e colaborar com as empresas lá fora. “Mais de 90 por cento dos negócios de Macau são pequenas e médias empresas, a MIF dedica-se ao seu crescimento e fornece-lhes uma plataforma para que promovam os seus produtos e serviços aos residentes, turistas, homens de negócios e ao mundo”, considera o responsável.

A partir de 2016, a MIF criou ainda novos projectos de cooperação, convidando, por exemplo, um país de língua portuguesa e uma província chinesa a estabelecerem uma parceria no evento “para demonstrar o papel de Macau como Centro de Turismo e Lazer de excelência e de Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial e Económica entre a China e os Países de Língua Portuguesa”.

 

Desenvolvimento do sector MICE

Em entrevista à MACAU, Jackson Chang nota que uma das prioridades das Linhas de Acção Governativa anunciadas pelo Governo de Macau para 2017 é a promoção e o desenvolvimento da indústria MICE (sigla em inglês para reuniões, incentivos, convenções e exposições). A ideia, refere o presidente do IPIM, é “atrair a Macau eventos de alta qualidade; estimular o crescimento de sectores relacionados com a área, como a publicidade, restauração, turismo e hospitalidade; impulsionar a economia da comunidade e gerar mais oportunidades para as pequenas e médias empresas, de modo a incitar a diversificação económica”.

Chang sublinha que a MIF tem cumprido o seu papel e “ajudado ao desenvolvimento de Macau como destino MICE”. Segundo o responsável, a experiência adquirida na organização destes grandes eventos tem melhorado o nível dos profissionais da indústria e a competitividade do sector MICE de Macau.

O responsável considera ainda que “vários indicadores económicos revelam um desenvolvimento ascendente da indústria MICE” local nos últimos anos. Só o número de convenções e exposições aumentou de 260 eventos, em 2002, para 1276, em 2016. Também o número de participantes aumentou para 1,7 milhões, com aproximadamente 3000 pessoas a trabalhar no sector.

O IPIM prevê que, com a conclusão dos novos resorts integrados, a capacidade hoteleira de Macau em 2020 ultrapasse os 48 mil quartos e que a região possa oferecer um total de 210 mil metros quadrados de área para a organização de convenções e exposições. Também a construção da ponte em Y deverá apoiar o desenvolvimento desta indústria, acredita o responsável, notando que, até agora, “o transporte tem sido um dos factores a afectar o sector MICE”.  “Vai ser mais prático e só vão ser necessários 30 minutos de Macau ao aeroporto internacional de Hong Kong”, conclui Jackson Chang.

 

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MIF 2016

Feira com nota positiva

Os resultados de um inquérito realizado na última edição da MIF revelam que os visitantes profissionais atribuíram à feira 7,7 pontos (num total de 10 pontos) e os responsáveis pelos expositores deram 7,4 pontos. Os inquiridos mostraram-se satisfeitos sobretudo com três áreas: o serviço prestado pelo pessoal da MIF, gestão no local e planeamento geral dos stands da exposição. Ao todo, foram validados 1601 questionários.

 

Feira em números

30.000 metros quadrados

+50 países e regiões

+1600 expositores

+380 bolsas de contactos

+50 acordos

+50 fóruns, conferências, seminários

110 mil visitas registadas

 

 

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O QUE É O IPIM?

O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) foi criado em 1994 com a missão de promover o comércio externo, atrair investimento estrangeiro e impulsionar o desenvolvimento das relações comerciais entre Macau e outros países e territórios. O organismo tem vindo a estabelecer desde 2006 representações nas cidades chinesas de Hangzhou, Chengdu, Shenyang, Fuzhou, Cantão e Wuhan para apoiar os empresários de Macau a entrar no mercado do Interior da China e companhias do continente a explorar os mercados internacionais através de Macau.

Entre os principais trabalhos do instituto, refere o presidente do IPIM à revista MACAU, está a promoção da indústria MICE (reuniões, incentivos, convenções e exposições) “através da implementação de diferentes programas de apoio, criação de exposições de marcas locais, introdução de exposições de grande dimensão em Macau e reforço da cooperação regional”. Dos principais eventos organizados por Macau, Jackson Chang destaca a Feira Internacional de Macau (MIF), o Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental Macau (MIECF) e a Exposição de Franquia de Macau (MFE).

O desenvolvimento da Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa é outra das áreas de trabalho do IPIM. Entre os projectos desenvolvidos, Jackson Chang refere a implementação dos “Três Centros” e do “Portal de Informação” – Centro de Serviços para as pequenas e médias empresas da China e dos Países de Língua Portuguesa, Centro de Distribuição dos Produtos Alimentares dos Países de Língua Portuguesa e o Centro de Convenções e Exposições para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa, além do “Portal para a Cooperação na Área Económica, Comercial e de Recursos Humanos entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, que fornece uma base de dados sobre serviços profissionais bilingues (português e chinês).

Por último, conclui o responsável, o IPIM “trabalha no sentido de melhorar o ambiente de investimento em Macau, oferecendo apoio adequado às comunidades e investidores locais e estrangeiros”. Uma das medidas criadas, nota Jackson Chang, é o serviço “One-Stop” para investidores, que presta consultadoria e assistência no registo de empresas e implementação de projectos.

 

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NA AGENDA para este ano

 

Festival Internacional de Gastronomia

6-8 de Outubro

Centro de Convenções e Exposições da Doca dos Pescadores

 

Feira Internacional de Macau

19-21 de Outubro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Exposição de Produtos e Serviços dos Países de Língua Portuguesa

19-21 de Outubro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Fórum Global sobre Economia do Turismo

16-17 de Outubro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Salão Internacional do Automóvel da China (Macau)

3-5 de Novembro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Macao Gaming Show

14-16 de Novembro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Semana Internacional das Startup de Macau

24-26 de Novembro

Centro de Convenções e Exposições do Venetian Macau

 

Conferência Internacional de Robótica e Biomimética

5-8 de Dezembro

Hotel Parisian Macao