Um pedaço de China na Floresta Amazónica

    No meio da Floresta Amazónica existe um pedaço da China. A Gree instalou a sua primeira fábrica no estrangeiro em Manaus, capital do Estado do Amazonas, na região Norte do Brasil, em 2001. Em apenas quatro anos, a empresa chinesa transformou-se no maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do Brasil. A fábrica […]

 

 

No meio da Floresta Amazónica existe um pedaço da China. A Gree instalou a sua primeira fábrica no estrangeiro em Manaus, capital do Estado do Amazonas, na região Norte do Brasil, em 2001. Em apenas quatro anos, a empresa chinesa transformou-se no maior fabricante de aparelhos de ar condicionado do Brasil.

A fábrica da Gree tem 250 empregados e produzirá 180 mil unidades até finais de 2006. Toda a produção será comercializada no mercado brasileiro. Outra parte dos produtos vendidos no Brasil é ainda produzida na China e exportada para o mercado brasileiro. “Estamos apenas a iniciar a actuação no Brasil e já vamos alargar a nossa produção para 300 mil unidades no próximo ano”, afirma o gerente comercial da Gree, Zhang Wei, formado em universidades de Pequim, Macau e Lisboa.

Actualmente, a Gree lidera o sector de splits (aparelhos de última geração) no Brasil e disputa o quarto lugar no sector de ar condicionados tradicionais. O clima quente do Brasil transforma este tipo de aparelhos em produtos essenciais em determinadas regiões, nomeadamente no Norte do País. A comercialização de produtos da Gree no Brasil iniciou-se em 1998, através de um importador local. Um ano depois, a empresa chinesa assumiu directamente a venda dos seus produtos. E, entre Agosto de 2004 e Julho de 2005, a empresa registou uma facturação de 53 milhões de dólares norte-americanos, um acréscimo de 50 por cento face ao período anterior.

 

Dominar o mercado

 

O aumento da facturação foi resultado da adaptação da Gree ao mercado. Os brasileiros têm por hábito adquirir produtos electrónicos em várias prestações, o que obrigou a empresa chinesa a alargar os prazos de pagamentos. Como os splits não são tão comuns no Brasil quanto na China, a empresa decidiu aumentar a produção e a importação de ar condicionados tradicionais, aparelhos mais comprados pelos consumidores brasileiros.

A Gree decidiu igualmente concentrar as suas acções de marketing e de propaganda nas empresas de retalho, para enfrentar a concorrência das marcas brasileiras e das estrangeiras mais populares no Brasil. “Assinámos acordos com grandes redes de retalho, porque a recomendação do vendedor é fundamental na decisão de compra do consumidor brasileiro”, explica Zhang Wei. Actualmente, os produtos Gree estão em 1500 lojas de todas as regiões brasileiras.

Zang Wei cita como vantagens para o investidor chinês no Brasil o potencial

de crescimento do mercado brasileiro e os incentivos fiscais do Governo. Outra vantagem, refere, é sentir que esta é  uma porta de entrada para outros países da América Latina, nomeadamente os do Mercosul. As desvantagens  no Brasil são a variação da moeda local (o real) em relação ao dólar norte-americano e as dificuldades de transportes num país continental, com uma precária rede de caminhos de ferros e de auto-estradas, para além da rigidez das leis laborais.

 

M.A.

 

Pif Paf descobre Macau

 

Macau será a plataforma de exportação do grupo brasileiro Pif Paf para o mercado chinês e o Sudeste Asiático.

Macau será a porta de entrada para o mercado chinês do décimo maior grupo brasileiro no sector da alimentação. A empresa Pif Paf tem planos ambiciosos para o seu escritório de representação, recentemente aberto em Macau, em parceria com empresários locais. O projecto prevê a comercialização de carnes (frangos e suínos) e sumo de frutas, produzidos no Brasil, para além da futura instalação de uma unidade de moagem de café em Macau. “O futuro económico e comercial entre Brasil e China será brilhante, com Macau a ser o grande interface entre esses dois mundos”, afirma o director comercial da Pif Paf, Edvaldo José Campos. “Estar sedeado na China e posicionado entre os mercados chinês e brasileiro permite-nos acompanhar esse grande ‘boom’ comercial nos dois países. A ponte de Macau com a China é primordial”, salienta o executivo.

A decisão da Pif Paf em instalar-se em Macau surgiu na sequência da visita ao Brasil do Chefe do Executivo da Região Administrativa Especial de Macau, Edmund Ho, em Junho deste ano. Em seguida, foi a vez de uma missão da Pif Paf, liderada pelo presidente Luís Carlos Mendes Costa, visitar Macau para conhecer de perto as oportunidades de investimento. Macau será a primeira operação própria no estrangeiro desta empresa brasileira, fundada há 35 anos, actualmente com uma facturação anual de 270 milhões de dólares.

 

Proximidade 

cultural

 

O grupo Pif Paf é um dos 40 maiores de Minas Gerais, terceiro estado mais rico do Brasil, atrás apenas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O grupo exporta os seus produtos para os países de África, América do Sul e do Norte, Caraíbas, Europa do Leste e Rússia. Com a operação em Macau, pretende exportar igualmente para a China e os países do Sudeste Asiático.

Um dos factores que influenciaram a decisão do grupo brasileiro a iniciar uma operação em Macau foi a proximidade cultural. “Os laços comuns que unem Macau e os países de língua portuguesa funcionam como um estímulo comercial”, realça Edvaldo José Campos. O “adequado apoio logístico e administrativo” oferecido pelo Governo da RAEM, nomeadamente pelo Instituto de Promoção do Comércio e Investimento de Macau, foi também decisivo para investir no mercado chinês, salienta.

 

M.A.