José Drummond

Tocar no Tibete foi memorável
José Drummond

– Há quantos anos está em Macau? Como surgiu a hipótese de vir trabalhar para o Oriente?

– Cheguei a Macau em Setembro de 1993 como bolseiro da Fundação Oriente na área de aperfeiçoamento artístico. Depois de dois anos, quando terminou o período da bolsa, decidi ficar.

– Como tem sido a evolução da carreira de DJ em Macau e na região?

– Embora a minha formação clássica seja de pintura, o meu interesse pela música sempre me acompanhou a par da minha actividade nas artes plásticas. A minha carreira como DJ começou em Lisboa, mas com a vinda para Macau sofreu uma paragem momentânea. O bichinho sempre foi mais. Forte e, por isso, comecei a promover eventos ligados à house music. Consegui trazer DJs internacionais de primeira linha até Macau. Ao mesmo tempo que trabalhava em Macau comecei também a expandir o meu trabalho par Hong Kong, tendo sido residente em vários clubes e tendo feito o warm up para nomes grandes no meio. Com o decorrer do tempo foram surgindo mais oportunidades e nos últimos anos passei a ser representado por uma agência de Xangai, o que veio dar um impulso enomle na minha carreira. Para além de ter efectuado longas tournées por toda a China e alguns lugares do Sudeste Asiático, o ponto mais alto da minha carreira como DJ aconteceu nos dois últimos anos, quando, superando todas as minhas expectativas, fui incluido no top 200 mundial numa selecção da O) mag, a revista mais importante da especialidade. Dois anos consecutivos nessa selecção acabaram por me colocar como o segundo português e o segundo residente na China a alcançar essa prestigiosa nomeação. Tudo isto resultou como um grande incentivo para que nos últimos tempos me tenha dedicado largamente à minha produção musical com diversos projectos.

– Como é a reacção do público na China, sobretudo nas cidades com menor contacto com o Ocidente?

– A reacção tem sido sempre muito positiva. Como já conheço muito bem os lugares e as cidades mais cosmopolitas, bem como as mais interiores, consigo facilmente adaptar o meu estilo às ambiências próprias de cada uma das cidades, de cada um dos clubes, de cada público. O segredo é versatilidade, atenção e, claro está, boa música, independentemente do estilo ou modismo.

– Como foi a experiência de tocar no Tibete?

– Excelente, a todos os níveis. A aceitação do público foi surpreendente e, depois, o facto de ter sido o primeiro DJ estrangeiro a tocar no Tibete, aliado à magia própria do lugar, fez com que a experiência fosse memorável.

– Além da actividade como DJ, tem desenvolvido actividade em outros campos. Quais são DI seus novos projectos?

– Estou de novo muito activo no campo das artes plásticas, com diversos trabalhos a serem temlinados para virem a ser mostrados ao público em breve. Para além disso tenho vindo a abrir as porras do meu estúdio para apresentação e debate de obras e carreiras mais altemativas, do vídeo às artes, numa tentativa de informar e fomentar o diálogo cultural entre os participantes, sem qualquer limitação de raça, sexo, idade ou presença nesta ou naquela comunidade, sempre o mais democrático possível, contra a “guetificação” da cultura.