Jamelito Escote: “Somos a maior fonte de profissionais de Macau”

"Somos a maior fonte de profissionais de Macau"
Jamelito Escote: "Somos a maior fonte de profissionais de Macau"

O que mais o atrai em Macau?

 

Macau tem uma herança e uma cultura complexas, que são o que eu mais gosto. Tal como as Filipinas, um país construído sob influência de várias culturas: malaia, chinesa, espanhola e americana, que deixaram no país muita marca, bem visível na língua e nas tradições culinárias de hoje.
Em Macau, essas herança e cultura estão presentes em todas as esquinas, o que faz com que um filipino se sinta em casa. Por outro lado, o custo de vida não é muito elevado e a cidade oferece muitas oportunidades a nível profissional e empresarial.
E em que lugar da Ásia temos um Museu do Vinho no mesmo edifício onde funciona o Museu do Grande Prémio? Dizem que Macau é uma “cidade de cultura”, eu considero que é antes uma “cidade que nunca dorme”, porque é um local maravilhoso a qualquer hora do dia.

O que diria aos outros estrangeiros que querem vir para Macau?

 

– Aconselho-os a fazer uma primeira viagem de “reconhecimento” para conhecerem a realidade local e analisar as oportunidades do mercado.
A primeira vaga de filipinos que chegou a Macau, lembro-me bem disso, era composta por empregados domésticos. O seu nível de educação era, geralmente, baixo, por vezes muito baixo.
A nova Macau exige níveis de educação elevados e profissionais bem treinados. O segredo do sucesso está na capacidade de adaptação dos que se querem instalar nesta cidade.

Qual o papel da comunidade filipina em Macau hoje em dia?

 

– À medida que Macau tenta preencher as vagas nos casinos, restaurantes, hotéis, companhias aéreas, empresas de segurança e por aí fora, a comunidade filipina, e isso é um facto, está a tornar-se na maior fonte de profissionais que servem a Região Administrativa Especial de Macau. Confesso sentir um certo orgulho nisso.

Para além da sua empresa, é um dos organizadores de um festival muito importante para a comunidade filipina, o Sinulog. De que se trata?

 

– A primeira edição do festival ocorreu em 2003. A intenção foi compartilhar com os locais um dos eventos mais populares nas Filipinas.
Foi também uma forma de nos divertirmos e de mostrar uma parte importante do espírito da nossa comunidade. A primeira edição foi um sucesso imediato. O evento acabou por promover uma maior união no seio da comunidade filipina em Macau.
O Sinulog é uma dança, um ritual, em honra da imagem miraculosa de Santo Nino. A dança é feita ao som de tambores, num ritmo marcado pelos passos.
Reza a lenda que, antes da chegada dos portugueses à ilha de Cebu, nas Filipinas, em 1521, para colocar a cruz de Cristo na praia onde desembarcaram, reclamando a terra ao Rei de Espanha, já o Sinulog era celebrado, com adorações a imagens de madeira.
A introdução do Cristianismo na ilha passou pela entrega de uma figura de Santo Nino (uma imagem do menino Jesus) como prenda de baptismo a Hara Amihan, a mulher do Rajá de Cebu, Humabon. Hara, depois do baptismo, passou a chamar-se Joana. Com o exemplo da rainha Joana, outras 800 pessoas baptizaram-se na ilha. Com o tempo, a dança do Sinulog passou a ser feita em homenagem a Santo Niño, até aos dias de hoje.