Mais de 30 anos a captar o Grande Prémio

 

Nos seus arquivos tem mais de 30 mil fotos do Grande Prémio de Macau, mas algumas estão a necessitar de ser recuperadas, uma vez que apresentam já sinais de deterioração. Ao longo de mais de 30 anos, José L. R. Estorninho registou para a posteridade os momentos mais significativos das corridas de Macau.

O Grande Prémio entrou na sua vida ainda era uma criança. Com apenas quatro anos começou a vibrar com a chegada dos bólides à ponte-cais nº 16. “Nessa altura, eram raros os carros em Macau. Vivia na avenida da Praia Grande e era com grande alegria e entusiasmo que via os carros passar em direcção ao Circuito da Guia. Os carros eram conduzidos pelos pilotos, que tinham por hábito estacioná-los junto aos restaurantes onde iam comer”, conta hoje com nostalgia.

Mais tarde, o tio Herculano Estorninho ofereceu-lhe uma máquina Minolta, que serviu para tirar as primeiras fotos no Grande Prémio.

No Liceu, José L. R. Estorninho, que revela jeito para o desenho, ganha maior gosto pela fotografia. Durante vários anos registou para o semanário “O Clarim” o Grande Prémio de Macau. Manuel Cardoso, então a trabalhar para os Serviços de Informação e Turismo, ensinou-lhe os truques da fotografia.

É membro vitalício da Associação Fotográfica de Macau, tendo estudado desenho e fotografia com António Conceição Júnior.

Com 53 anos, o actual funcionário do Consulado-Geral de Portugal em Macau, nunca falhou um Grande Prémio, “no início do ano marco logo as férias para o terceiro fim-de-semana de Novembro”.

Ao baú das recordações vai buscar a luta que Schumacher e Hakkinën travaram em Macau em 1990 e a excelente corrida de Pedro Lamy em 1992, “merecia ter ganho a prova de Fórmula 3”. Mas no seu arquivo tem centenas de fotos que retratam a carreira de André Couto, com especial destaque para a festa do triunfo em 2000.

Com vários livros publicados, já mostrou as fotos do Grande Prémio em muitos locais do território, “agradeço o apoio que me tem sido dado, nomeadamente à Fundação Oriente, Direcção dos Serviços de Turismo, Clube Militar, Fundação Macau, Associação dos Macaenses, Leal Senado, Instituto Português do Oriente e Comissão Organizadora do Grande Prémio de Macau”. Integrou a equipa que criou o Museu do Grande Prémio, onde estão expostos muitos “bonecos” da sua autoria.

Fotografar as corridas de carros e motos “é diferente e, por norma, escolho locais distintos para registar a perícia dos pilotos”.

Apesar de ser uma das caras mais conhecidas do Circuito da Guia, José L.R. Estorninho nunca se sentou num dos bólides que todos os anos aceleram pelas ruas de Macau. “Não me importava nada de dar umas voltas, desde que não fosse à boleia de ninguém. Nem que fosse preciso andar a 300km/hora!”, confessa poucos dias antes de se começar a preparar para mais uma edição do Grande Prémio de Macau e de lançar mais um livro (“Memórias de um Grande Prémio”, editado pela Comissão Organizadora). “O Grande Prémio é algo mais do que as corridas em Macau, já que fotografar o evento traz-me sempre novas inspirações”, remata J.L.R. Estorninho.