Rumo a um modelo de desenvolvimento sustentável

O XVII Congresso do Partido Comunista Chinês (PCC) trouxe à tona dirigentes da nova geração chinesa e ficou marcado pela inserção na constituição do Partido da tese do “conceito científico de desenvolvimento”, perspectiva que tem sido defendida nos últimos anos pelo secretário-geral Hu Jintao, que neste conclave assumiu o segundo e último mandato de cinco anos.

 

No discurso de abertura dos trabalhos da reunião magna que se realiza de cinco em cinco anos, Hu Jintao dedicou alguns parágrafos às duas regiões administrativas especiais da China. O secretário-geral, que também é Presidente da República Popular da China, fez um balanço positivo da experiência “Um País, Dois Sistemas”, que serve de base para o funcionamento das regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong. “Vamos apoiar veementemente os Governos das duas regiões administrativas especiais, de acordo com a lei, na promoção do crescimento económico, melhoria das condições de vida das populações e nos avanços democráticos”, afirmou. Hu Jintao defendeu também o aprofundamento da cooperação em vários aspectos entre a China continental e as duas regiões e deixou um aviso, referindo que o Partido vai apoiar activamente os governos locais no combate a qualquer interferência externa nos assuntos internos de Macau e Hong Kong.

 

Um novo impulso à “reunificação pacífica”

 

A questão de Taiwan foi abordada com base nos habituais princípios da reunificação pacífica e “Um país, Dois Sistemas”. Contudo, neste discurso o secretário-geral fez questão de deixar a porta aberta a um tratado de paz que coloque um ponto final formalmente ao conflito que dura há quase 60 anos. “Vamos discutir um final formal ao estado de hostilidade entre os dois lados, alcançar um acordo de paz e construir um ambiente de desenvolvimento pacífico”, sublinhou, salientando que para que isso aconteça é necessário que quem exerça o poder em Taipé reconheça que apenas existe uma China da qual faz parte a ilha.

Entretanto, foi defendido o reforço das trocas económicas e comerciais entre os dois lados do estreito. Hu Jintao frisou a crescente interdependência económica entre Taiwan e várias províncias do Continente, com destaque para os laços com Fujian. Nesse sentido, o secretário-geral expressou a necessidade de “incrementar os contactos entre dos lados do estreito, quer em termos culturais quer económicos”. O objectivo é que as ligações directas aéreas, marítimas e postais sejam restabelecidas de modo a potencializar a cooperação com Taiwan.

 

Uma perspectiva científica de desenvolvimento

 

O conceito científico de desenvolvimento esteve presente em praticamente todo o discurso de Hu Jintao. Em traços gerais, o secretário-geral esclareceu em detalhe o que entende ser o caminho para o modelo de desenvolvimento e crescimento da China. “O crescimento tem sido materializado, em parte, à custa de danos excessivos nos recursos e no ambiente”, reconheceu. Além disso, “existe um desequilíbrio desmesurado entre o desenvolvimento das zonas urbanas e o das rurais”. Nesse sentido, Hu Jintao fez um apelo aos esforços da nação no caminho de um modelo que seja mais sustentável, que respeite o meio ambiente, promova a eficiência energética e permita reduzir as desigualdades entre as cidades e as zonas rurais. “Para colocarmos em prática o conceito científico de desenvolvimento temos de aprofundar as reformas. Precisamos também de incorporar o espírito da reforma e da inovação em todos os aspectos da governação”, adiantou. O “conceito científico de desenvolvimento” foi adoptado pelos delegados como parte integrante da constituição do PCC, colocando assim este legado de Hu Jintao ao lado das teses de Mao Zedong, Deng Xiaoping e da Teoria das Três Representações de Jiang Zemin.

 

Nova geração começa a emergir

 

Neste Congresso emergiu uma nova geração de dirigentes que deverá assumir cargos de responsabilidade nos próximos cinco anos. Dos mais de 2200 delegados ao Congresso 70 por cento tinham 55 anos ou menos, o que reflecte um movimento de rejuvenescimento no Partido que está no poder desde 1949. Em contrapartida, outros dirigentes mais velhos – com mais de 68 anos – abandonaram os cargos no Comité Central e no Politburo.

 

  * Em Pequim