O ano do Rato

  Enquanto no calendário gregoriano, seguido na generalidade dos países do mundo, os anos são identificados com números e nenhum outro significado têm a não ser o que resulta de se inserirem numa sequência de números que indica a passagem do tempo, nos calendários tradicionais chineses (o lunar e o solar) cada ano é identificado […]

 

Enquanto no calendário gregoriano, seguido na generalidade dos países do mundo, os anos são identificados com números e nenhum outro significado têm a não ser o que resulta de se inserirem numa sequência de números que indica a passagem do tempo, nos calendários tradicionais chineses (o lunar e o solar) cada ano é identificado segundo uma sequência de 12 “ramos terrestres” a que correspondem os 12 signos do Zodíaco chinês.

Assim, 2008 será o ano do ramo terrestre zi, que corresponde ao signo do Rato. Isso já tinha acontecido em 1996 e em 1984, isto é, de 12 em 12 anos repete-se um ano zi. O ano zi dá lugar ao ano chou (Búfalo, 1985, 1997, 2009), depois a um ano yin (Tigre, 1986, 1998, 2010) e assim por diante.

O Rato (zi) é o primeiro signo na numeração zodiacal, pelo que em 2008 reinicia-se um ciclo de 12 anos, que anteriormente tinha começado em 1996, igualmente com o Rato, terminando em 2007, com o Porco, que é o último da série.

Todavia a questão não é assim tão simples já que, paralelamente, os anos são alinhados segundo uma outra sequência, a dos dez “caules celestes”, que são: jia, yi, bing, ding, wu, ji, geng, xin, ren e gui. Cada um destes “caules” corresponde a um dos cinco elementos chineses e à polaridade yin ou yang. Jia é Madeira yang, yi é Madeira yin, bing é Fogo yang, ding é Fogo yin, etc.

Deste modo, cada ano é identificado por um par formado por um caule celeste e um ramo terrestre – na verdade é um par de caracteres chineses. Assim, 2008 será um ano definido pelo caule celeste wu (Terra yang) e pelo ramo terrestre zi (signo do Rato, a que corresponde o elemento Água).

Com base nessa combinação, alguns astrólogos, como o faz todos os anos o famoso Raymond Lo, de Hong Kong, procuram extrair conclusões com base na simbologia dos elementos.

Assim, diz Raymond Lo, temos na parte superior, isto é, a que diz respeito ao “céu”, a Terra yang, e, na parte inferior (a “terrestre”), a Água. A Terra yang é simbolizada por uma montanha, enquanto a Água do Rato é muito forte, o que faz com que o astrólogo a compare com o oceano. Por outro lado, há que ter em conta que, de acordo com as leis que regulam a relação entre os elementos, a Terra tenta controlar a Água.

Temos assim à superfície (a parte celeste) a imponente Terra yang, com toda a sua sugestão de estabilidade e solidez. Essa Terra yang tenta controlar a Água subjacente, mas, argumenta Raymond Lo, acaba por não conseguir fazê-lo, já que o que está em causa é uma Água muito forte. Ou seja, nas aparências haverá estabilidade, mas essa estabilidade é frágil, escondendo-se por debaixo dela tensões e conflitos.

Todos os anos, nas vésperas do início de um novo ano lunar, são publicados dezenas de almanaques com as previsões para o ano que se vai iniciar. Os seus autores analisam o impacto que o signo do novo ano terá na vida dos nascidos sob a égide de cada um dos 12 signos do Zodíaco. Segundo uma crença popular, as pessoas são identificadas segundo o signo do ano em que nasceram.

Nas páginas que se seguem apresentamos um resumo das previsões apresentadas pelos principais almanaques publicados em Hong Kong e que são igualmente populares em Macau, podendo ser adquiridos nas bancas dos jornais.

Apesar de haver algumas variações de autor para autor, há uma significativa consistência nas previsões dos almanaques. Assim, por exemplo, é ponto assente que as duas “estrelas” do ano serão os signos do Rato e do Cavalo. De um ou de outro modo, serão o centro dos acontecimentos. As grandes transformações do ano tendem a passar por eles. O Rato e o Cavalo ocupam pontos opostos do Zodíaco, o que quer dizer que as energias que lhes correspondem estão em choque, significando isso tensões e mudanças.

Outras “estrelas” do ano serão o Búfalo e o Galo, para os quais há previsões astrológicas particularmente positivas. O Dragão e o Macaco também estão em harmonia com o Rato, pelo que podem obter benefícios das “energias” de 2008.

Finalmente, do ponto de vista sentimental, a chamada “Flor do Romance”, entrará no destino dos nascidos sob o Coelho, a Cabra e o Porco.

Segundo o calendário lunar, o ano do Rato, ou, melhor, o ano wu-zi, começará às 11h44 do dia 7 de Fevereiro, no fuso horário da China, o corresponde às 03h44 do mesmo dia no fuso horário de Greenwich. A hora indicada corresponde ao momento exacto da ocorrência da Lua Nova, que assinala assim o primeiro dia do primeiro mês do novo ano. É nesse dia de Lua Nova que se celebra a festividade do Ano Novo Chinês.

Todavia, segundo os astrólogos, não é esse o momento que de facto assinala o começo do ano wu-zi, mas sim as 19h00 do dia 4 de Fevereiro (fuso horário da China), o que corresponde às 11h00 em Tempo Universal (Greenwich), que é o momento do Li Chun, isto é, o começo da Primavera (chinesa). Ou seja, quando os chineses de todo o mundo estiverem a celebrar o começo do ano do Rato, na verdade ele já terá, em termos astrológicos, três dias de existência.