Basquetebol e andebol as grandes apostas de Angola

O basquetebol masculino e o andebol feminino são as grandes apostas do Comité Olímpico de Angola (COA) para os Jogos Olímpicos

 

Angola tem assegurada a presença de 28 atletas em Pequim, 14 no andebol feminino, 12 no basquetebol masculino, um na canoagem e um no atletismo, mas ainda há a possibilidade de serem integrados mais três, dois na natação e um no tiro, que, não tendo conseguido os mínimos para garantir a presença, podem estar na capital chinesa a convite das respectivas federações internacionais.

Mário Rosa, secretário-geral do Comité Olímpico de Angola (COA), admite que Paulo Silva, no tiro, e João Matias e Ana Romero, na natação, não estão ainda afastados da comitiva angolana, embora “tudo dependa” da observação que os responsáveis internacionais façam do seus respectivos desempenhos nos últimos quatro anos nas competições em que estiveram envolvidos.

Garantida é a “forte” presença nas duas modalidades em que Angola tem dado cartas no mundo e no continente africano: o basquetebol masculino e o andebol feminino, cujas selecções angolanas são as actuais campeãs africanas, triunfos que abriram as portas às duas formações para os jogos na China. Angola já conquistou oito vezes o Afrobasket masculino e nove edições da Taça Africana das Nações em andebol feminino.

Angola é o único representante de África no torneio de basquetebol dos Jogos Olímpicos desde Barcelona1992 e desde Atlanta1996 que tem também esse “estatuto” no andebol feminino, modalidade em que conseguiu o sétimo lugar no último Mundial.

O país, que nunca ganhou medalhas nesta competição, participou pela primeira vez nos Jogos Olímpicos em 1980, em Moscovo, tendo no edição seguinte aderido ao boicote dos Jogos de 1984, em Los Angeles, regressando às participações em 1988, em Seul.

 

O sonho das medalhas

 

O secretário-geral do Comité Olímpico de Angola admite que “sonhar com um lugar entre os três primeiros é apenas isso… um sonho”, mas lembra que “esse sonho pode ser construído em campo”, ressalvando que as equipas “já provaram” serem capazes de “grandes feitos”.

“Os angolanos estão com grandes expectativas tanto no andebol feminino como no basquetebol masculino. Mas só com o decorrer dos jogos poderemos definir os objectivos”, acrescentou.

Mário Rosa não tem dúvidas de que Angola “já impõe respeito” aos seus adversários nestas duas modalidades e de que, por outro lado, esse respeito imposto às equipas contrárias “também leva a uma maior responsabilidade”de jogadores, equipas técnicas, federações nacionais e do próprio COA.

“Perante os melhores do mundo, o sucesso angolano nos Jogos Olímpicos de Pequim, tanto no basquetebol masculino como no andebol feminino, terá que ser construído num cenário onde a exigência máxima e as falhas mínimas vão ser as ferramentas em campo”, apontou.

“Será uma surpresa chegar ao pódio – feito nunca alcançado –, mas, mesmo tendo a consciência de que é extremamente difícil, pode acontecer para qualquer uma destas duas equipas angolanas”, afirmou.

Com a presença garantida de 28 atletas, o COA “disputa” agora a possibilidade de aumentar a comitiva com o atirador João Silva e com os nadadores João Matias e Ana Romero.

Para já, estes dois últimos estão inscritos provisoriamente para os Jogos Olímpicos de 2008, tendo o secretário-geral da Federação Angolana de Natação, Lino Lourenço, admitido publicamente que a inscrição foi feita na expectativa de que a Federação Internacional de Natação (FINA) notifique os dois nadadores e abra as portas à sua ida aos Jogos.

A indicação dada por ambos nos Mundiais de piscina curta, realizados em Abril em Inglaterra, permite manter essa esperança. João Matias, que tem uma bolsa olímpica desde 2006, conseguiu um quinto lugar numa das eliminatórias dos 100 metros mariposa e o primeiro numa das séries dos 50 metros livres, sendo recordista nacional. Já Ana Romero conta com a boa marca conseguida nos 100 metros livres, onde foi quarta classificada numa série, batendo o recorde nacional angolano.

O secretário-geral do Comité Olímpico de Angola explicou que, “apesar de não terem conseguido os mínimos olímpicos”, estes nadadores podem beneficiar das disposições existentes que permitem os convites, por parte da FINA, em função das suas prestações mais recentes “e do mecanismo que visa a universalidade dos Jogos”.

A participação angolana nos Jogos Olímpicos de Pequim está a ser aguardada com grande expectativa no país, visto que o desporto é uma das áreas em que, com fortes investimentos, Angola procura sobressair na cena mundial, depois de terminada a guerra que assolou o país desde a independência, em 1975, até 2002. O fim da guerra permitiu a Angola apresentar um crescimento económico dos maiores do mundo, alicerçado na produção petrolífera e diamantífera.

*Agência Lusa, Luanda.