Canarinhos já pensam em 2016

Os atletas brasileiros vão desembarcar nas Olimpíadas de Pequim animados pelo resultado histórico alcançado nos Jogos Pan-americanos de 2007

 

No Rio de Janeiro, nos Jogos Pan-americanos de 2007, o Brasil conquistou 157 medalhas  (52 de ouro, 40 de prata e 65 de bronze) que garantiram, pela primeira vez, o terceiro lugar, atrás apenas dos Estados Unidos e de Cuba.

A delegação que representará o Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim já tem 159 atletas apurados, número que deverá aumentar, já que muitas modalidades desportivas ainda estão em fase de apuramento. “A estimativa é que nos Jogos Olímpicos seja observada a melhoria qualitativa dos atletas, independentemente do número de medalhas”, indicou o chefe da delegação brasileira em Pequim, Marcus Vinícius Freire.

O Brasil já conquistou vagas para disputar 22 modalidades em Pequim, nomeadamente no ciclismo mountain bike e auto-estradas, futebol (masculino), ginásticas artística e rítmica, andebol (masculino e feminino), hipismo, judo, boxe, esgrima, levantamento de peso, natação, pentatlo moderno (feminino), remo, salto ornamental (masculino), taekwondo, tiro com arco, tiro desportivo, vela e voleibol (masculino e feminino).

O Comité Olímpico Brasileiro (COB) não tem um número de medalhas como meta a ser alcançada em Pequim. A natação, entretanto, está entre as maiores esperanças. A estrela maior, o nadador Thiago Pereira, desembarcará na China, depois de ser o grande vencedor dos Jogos Pan-americanos, com seis medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. É o recordista de vitórias em uma única edição dos Pan-americanos, ao superar o brasileiro Fernando Scherer e o norte-americano Mark Spitz.

 

Medalha inédita no futebol

 

A ginástica artística conquistou nove medalhas (quatro de ouro, duas de prata e três de bronze) nos Pan-americanos, e também sonha com medalhas em Pequim, com os ginastas Diego Hypólito e Jade Barbosa. O futebol brasileiro masculino terá mais uma hipótese de alcançar o inédito título de campeão olímpico, sob o comando do seleccionador Dunga, também responsável pela equipa principal.

A expectativa sobre o desempenho da equipa masculina, em Pequim, aumentou muito depois que o futebol feminino conquistou a medalha de ouro, nos Pan-americanos, diante de um público de 60 mil pessoas. Pelo seu desempenho nos Jogos, a brasileira Marta, eleita a melhor jogadora de futebol do mundo pela FIFA, tornou-se a primeira mulher a colocar os pés na calçada da fama do Estádio do Maracanã, o maior do Brasil.

Medalha de Ouro em Atenas (2004) e campeã mundial em Tóquio (2006) e Buenos Aires (2002), a selecção de voleibol masculino, sob o comando de Bernardinho, é outra das grandes apostas do Brasil em Pequim. Os destaques no hipismo são o cavaleiro Rodrigo Pessoa, medalha de prata no salto, no Pan-americano, e a equipa de adestramento, que pela primeira vez conquistou uma vaga para os Jogos Olímpicos.

Os atletas Frank Caldeira e Vanderley Cordeiro de Lima são as esperanças de medalhas na maratona, a prova mais tradicional dos jogos. Caldeira foi medalha de ouro nos Pan-americanos e Cordeiro de Lima foi vítima de uma das cenas mais lamentáveis nos Jogos de Atenas. Liderava a prova com 25 segundos de vantagem sobre o segundo classificado, o italiano Stefano Baldini, quando no 36º quilómetro foi atacado por um fanático.

Vanderlei foi derrubado e perdeu alguns segundos preciosos até que fosse socorrido por espectadores. Poucos minutos depois, foi ultrapassado por Baldini, que venceu a prova, e pelo americano Mebrahtom Keflezighi, que ficou com a medalha de prata.

Cordeiro de Lima foi o atleta mais aplaudido pelo público ao chegar em terceiro lugar. Apesar do protesto brasileiro, o Comité Olímpico Internacional (COI) manteve o resultado final da maratona e premiou o brasileiro com a medalha Barão Pierre de Coubertin de mérito olímpico, como prémio de consolação. Antes dele, apenas o velejador austríaco Hubert Raudaschl tinha recebido essa honraria ao abandonar as regatas nas Olimpíadas de Seul (1988) para salvar uma pessoa que tinha caído ao mar.

 

 16o lugar em Atenas

 

Representado por 247 atletas (125 homens e 122 mulheres), em 22 diferentes modalidades, o Brasil obteve a melhor participação de sua história em Atenas, ao terminar na 16ª posição dos Jogos Olímpicos, com dez medalhas (cinco de ouro, duas de prata e três de bronze). Quatro anos antes, em Sydney (2000), os brasileiros conquistaram 12 medalhas (seis de prata e seis de bronze), o que garantiu ao país a 52ª posição.

As autoridades desportivas brasileiras trabalham para que voltem de Pequim com uma participação histórica. Isso porque o Brasil é candidato a ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e uma boa performance em Pequim contribuiria para a candidatura brasileira. “Uma candidatura a sede dos Jogos Olímpicos não está ligada à performance do país candidato, embora o desenvolvimento desportivo seja visto com bons olhos pelo Comité Olímpico Internacional”, reconheceu Vinícius Freire.

 

Sede olímpica em 2016

 

No início de Janeiro deste ano, o presidente do Comité Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, apresentou em Lausanne, na Suíça, a candidatura oficial da cidade do Rio de Janeiro a sede dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, num investimento estimado em 508 milhões de dólares norte-americanos.

O período proposto para a realização dos Jogos Olímpicos de 2016 é de 5 a 21 de Agosto e dos Paralímpicos de 7 a 18 de Setembro, época do ano em que a cidade do Rio de Janeiro regista temperaturas consideradas ideais para a prática desportiva. O projecto incluiu igualmente a utilização das mesmas instalações onde foram disputados os Jogos Pan-americanos, no ano passado.

“O projecto Rio 2016 é um desdobramento natural do Rio 2007, o que diminuirá a necessidade de novos investimentos em instalações desportivas e baixará os custos do evento. Estamos diante de um projecto grandioso e inovador, que servirá como pólo de desenvolvimento do desporto para milhões de jovens do Brasil e da América do Sul”, disse Arthur Nuzman.

A cidade do Rio de Janeiro foi candidata a ser sede dos Jogos Olímpicos de 2012, mas Londres ganhou a corrida. Em 2016, a “cidade maravilhosa”, como é conhecida, terá que vencer as candidaturas de Doha (Qatar), Chicago (Estados Unidos), Tóquio (Japão), Praga (República Checa), Baku (Azerbaijão) e Madrid (Espanha), apontada como favorita.

Em Junho deste ano, o COI definirá as cidades finalistas que receberão a visita de uma comissão de avaliação da entidade, em Maio e Junho do próximo ano. A vencedora será finalmente anunciada no dia 2 de Outubro de 2009, durante o congresso mundial do COI.

 

* Agência Lusa, Brasil