Panda Vermelho, o parente pobre

O panda vermelho vive em florestas montanhosas, a altitudes entre os 1500 e os 4800 metros. É um animal solitário, raro e uma espécie em declínio. Encontra-se extinto quatro das sete províncias chinesas

 

Em comum com o panda gigante tem o nome e o habitat, mas pertence a outra família completamente diferente. Mais pequeno, vermelho e mais expedito, o panda vermelho, em risco de extinção, também é uma das espécies protegidas no Centro de Investigação e Criação de Pandas Gigantes, em Chengdu. Mas, ao contrário do homónimo que move milhares de pessoas e renmimbis, o panda vermelho não goza do mesmo fascínio. Basta olhar para Kati Loeffler enquanto observa os pandas vermelhos, para perceber que são estes a sua verdadeira paixão. “Repare como caminham pousando totalmente a pata no chão”, diz.

Apesar de terem a constituição de um carnívoro, acabaram por “evoluir para um pequeno nicho biológico que come bambu”. Eventualmente, podem “capturar um pássaro pequeno e comer outro tipo de vegetais”. Como sobrevive apenas comendo bambu, tendo em conta a sua constituição, continua a “ser um mistério para os cientistas”.

No centro de Chengdu contam-se 40 animais desta espécie, repartidos por três espaços ao ar livre. O que, na opinião de Kati Loeffler, significa que são “demasiados animais a partilhar o mesmo espaço”. As consequências são visíveis. “Estão sempre a lutar”, conta. “E estão em stress – as mães, por vezes, podem destruir as orelhas de uma cria por excesso de carinho”, exemplifica. Por isso, os seus apelos ao director do organismo são constantes: “eles precisam de mais espaço”. Aliás, acrescenta, o Centro de Investigação e Criação de Pandas Gigantes visa, em última análise preservar as três espécies da província de Sichuan, “os macacos dourados, os pandas gigantes e os pandas vermelhos”.

Se o dinheiro para o panda gigante surge “de todos os lados”, no que toca ao panda vermelho, Kati precisa de “implorar”. Seja para criar um hospital veterinário ou para comprar os instrumentos médicos necessários. E os tratadores reduzem-se a três. “Não há qualquer controlo da sua alimentação”, diz ainda.

Em vias de extinção, pensando-se que actualmente existem “2500 espalhados pelo mundo”, os cientistas estão a tentar promover a reprodução em cativeiro de forma a criar uma espécie auto-sustentável na floresta. Sem qualquer orientação a este nível, dada a falta de investimento, os problemas ocorrem “depois de as crias nascerem” que “são hiperactivas”. Aliás, “não se sabe quase nada da espécie”. A ironia, diz Kati, é que, ao conversar com os visitantes, estes dizem-lhe sempre que “os pandas vermelhos são mais fascinantes”.

Repartindo-se pela China, Himalaias, norte do Mianmar, norte da Índia e Nepal, os pandas vermelhos são da família “dos guaxinims”. Se há sete anos, no seio da comunidade científica ainda se discutia se a semelhança no nome se estendia a uma semelhança genética, hoje em dia não se discute. Em comum com o panda gigante, “só mesmo o nome”.

 

L.L.