“Agora é só andar para a frente”

Focado na Província de Guangdong e no Acordo-Quadro de Cooperação entre esta região e Macau, Alexis Tam, porta-voz do Executivo, fala sobre o papel e os benefícios de Macau no Delta do Rio das Pérolas

 

 

Texto Joana Freitas

Fotos Carmo Correia

 

Cada uma destas cidades do Delta do Rio das Pérolas tem uma característica específica. Há alguma que se adapte melhor a Macau?

Zhuhai é muito perto de Macau e essa proximidade faz com que Zhuhai seja a área mais importante. Como Shenzhen para Hong Kong. Zhuhai está ainda mais perto do que essas duas regiões, não precisamos de apanhar transportes. Passamos a fronteira a pé. Zhuhai está a desenvolver-se de forma rápida e, por isso, intensificar a cooperação é melhor. Sem dúvida que o Acordo-Quadro de Cooperação Guangdong-Macau tem grande ênfase em Zhuhai.

 

Quais são os principais serviços que provêm de Zhuhai para Macau?

Muitos. Eu posso dizer que os sectores mais importantes são o turismo, as convenções e exposições. Uma vez que Macau já foi classificado pelo Governo Central como um futuro Centro Internacional de Turismo e Lazer a nível internacional, precisamos da nossa vizinha Zhuhai para ter essa vantagem. Hengqin está  muito perto também. Macau pode ser o locomotor e Zhuhai a conexão. Depois, temos Cantão como o suporte para ajudar Macau a tornar-se esse Centro de Turismo. Além disso, os cinco quilómetros quadrados da Ilha da Montanha onde vamos cooperar com Guangdong vão servir para investir e tornar a nossa indústria mais diversificada: o parque de medicina tradicional chinesa, o desenvolvimento das indústrias criativas e industriais e a educação, com o novo campus da Universidade de Macau.

 

Essa colocação da Universidade de Macau na ilha de Hengqin vai trazer mais alunos de outras províncias?

Sim, penso que isso vai acontecer porque a Universidade de Macau que está em fase de construção é quase 20 vezes maior que o campus actual. E está quase pronto, no final deste ano. É de uma grande dimensão – 1,9 quilómetros quadrados e isso vai atrair mais alunos de todas as províncias da China, como de fora e dos países lusófonos.

 

Se compararmos Macau actual com o de antes da cooperação com outras cidades, quais as principais diferenças?

Bem, agora os governos estão a unificar a cooperação e isso é importante para que esta zona do Delta do Rio das Pérolas seja desenvolvida e para explorar a Ilha da Montanha, que antes era uma ilha deserta sem ninguém, e agora vai ter a inauguração do novo campus, mais o parque de diversões que vai ser o maior do mundo.

 

O facto de Guangdong cooperar com Macau na exploração da ilha é melhor do que se ambas as regiões o fizessem sozinhas?

Sim. Em Zhuhai há muitas ilhas, centenas. E Hengqin era uma ilha deserta que, se não fosse Macau, também não se ia desenvolver com o ritmo que está. As pessoas olham para Macau e sabem que está a desenvolver muito. Isso mostra que Macau deve diversificar a economia e não apenas  no turismo e no jogo. Ambos os lados ganham com o desenvolvimento da ilha. Em Macau, é difícil diversificar a economia porque não temos terreno. Agora temos cinco quilómetros quadrados para desenvolver. A dimensão da Taipa é de 6,7 quilómetros quadrados.

 

Os países lusófonos estão dentro dos planos de desenvolvimento de Hengqin?

Sim, absolutamente. Por isso, depois da assinatura do Acordo-Quadro foi estabelecido contacto entre Guangdong e Portugal e muitos países lusófonos estão interessados em perceber a economia de Guangdong. Macau será essa plataforma e daqui para a frente ainda vamos fazer muito mais.

 

Quais os pontos-chaves entre a cooperação Macau-Guangdong?

O Acordo tem duração de dez anos e nesse período esta zona vai tornar-se um pólo internacional no sector dos serviços e do turismo. Vai ser a zona mais dinâmica do mundo. Não tenho dúvidas nenhumas que, com este ritmo, todas as áreas do Delta do Rio das Pérolas vão ter um desenvolvimento impressionante. Vamos ter mais facilidade de contratar pessoal, serviços, bens. Podemos ir ao Interior da China todo o dia – gradualmente isso vai acontecer. De carro, a pé ou de comboio. Dentro de uma hora chegar a todo o lado.

 

Maiores dificuldade deste desenvolvimento?

Não vejo dificuldade, isto depende da vontade. Agora, com o apoio do Governo Central – que publicou o 12.º plano quinquenal – está tudo muito claro. É só andar para a frente.