Panchões (fogo-de-artifício)

Acendem-se com incensos e rebentam nos ares da China desde a dinastia Han (206-220 DC). Primeiro eram pedaços de bambu verde que estalavam sobre o fogo. Depois veio a pólvora, o rastilho, os rolos de papel e as longas fiadas vermelhas de cartuchos.

 

 

Os chineses sempre usaram os panchões para afugentar a má sorte e até os inimigos em guerras psicológicas. Reza a lenda que o panchão assustava o monstro Nian que comia as pessoas e o gado, ou acordava o dragão que trazia a chuva da Primavera aos campos. Mas havia quem acreditasse que era com tais estalidos que se queimavam os pecados. Se o vermelho e as faúlhas eram bons presságios, já o fumo criava uma boa atmosfera. Foi esta combinação que fez do panchão um modo de celebração universal, sobretudo no Ano Novo Chinês.

Em Macau rebentar panchões é uma tradição antiga, mas é algo corriqueiro e não apenas reservado a épocas festivas, como na China. Afinal, ali foram montadas muitas fábricas de panchões no século passado, onde era até frequente ver estendais de panchões a secar.

E não é só por isso que Macau tem lugar marcado na fila da frente da história do fogo-de-artifício. Foi na RAEM que primeiro se ouviu a palavra panchão, com raiz no chinês “pau-tcheong” (“embrulho de pólvora”). Esta ganhou expressão no mundo lusófono e consta até nos dicionários como um regionalismo de Macau, significando “foguete chinês”.

Lenda do panchão 

Segundo a História de Tang, o panchão foi inventado por Li Tian no reinado do imperador Taizhong, Li Shimin (626-649). O panchão terá “curado” o imperador que via “fantasmas das montanhas”.