Cooperação | Força delta

O Grande Delta do Rio das Pérolas é responsável por mais de um terço da economia da China. Com o Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento de todos os elementos que o compõem, procura-se uma união onde a soma seja maior do que as partes. Macau tem sido um impulsionador activo da iniciativa, cujo 10.º encontro decorre em Outubro

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Texto Nuno G. Pereira

 

Durante o seu discurso no último Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento da Região do Grande Delta do Rio das Pérolas (FGD), o Chefe do Executivo da RAEM, Chui Sai On, sublinhou que o aprofundamento da cooperação regional do Delta do Rio das Pérolas tem um papel activo na diversificação da economia de Macau e no aumento contínuo da qualidade de vida da população. O Chefe do Executivo da RAEM disse também que o empenho entre as províncias e regiões do FGD garante o avanço firme da sua cooperação.

Tal cooperação conhece este mês um novo capítulo: a décima edição do FGD e a Feira para a Cooperação Económica e Comercial, realizados a 13 e 14 de Outubro, em Cantão, com organização da província anfitriã em conjunto com Macau e Hong Kong. Antes, porém, iniciaram-se as actividades preliminares, com um encontro na RAEM, a 26 de Maio. Esta primeira fase do X Fórum foi composta por vários painéis de discussão, seminários de contactos comerciais e actividades comemorativas do décimo aniversário do FGD.

O painel de debate sobre o ambiente económico dos países de língua portuguesa esteve em destaque, contando com a presença do secretário para a Economia e Finanças, Francis Tam. Os serviços relativos ao comércio e negócio das províncias e regiões do Grande Delta discutiram as suas perspectivas de cooperação, assim como o reforço do aproveitamento das vantagens regionais nas relações com os países de língua portuguesa. Neste contexto, Macau, um dos membros do grupo 9+2 de províncias e regiões, deve desempenhar activamente o papel de plataforma de cooperação económica e comercial entre as regiões do Grande Delta e os países de língua portuguesa. O aproveitamento de oportunidades do Acordo de Estreitamento das Relações Económicas e Comerciais o Interior da China e Macau (CEPA, na sigla inglesa) e a expansão conjunta com as empresas do Interior da China para os mercados da lusofonia foram também temas em debate.

Um dos intervenientes na discussão foi Chang Hexi, secretário-geral do Fórum Macau, que identificou o sector da construção e infra-estruturas como o mais desejado para a cooperação económica pelos países da lusofonia, em particular Brasil e Timor-Leste. A segunda área de interesse é a agricultura, crucial em vários países de língua portuguesa, alguns com grande capacidade de produção. No caso de Portugal, o maior interesse está no sector energético e de biodiesel.

O Governo de Macau criou uma comissão organizadora, outra preparatória e ainda sete grupos de trabalho para dar andamento à preparação do décimo FGD. A segunda fase do encontro inclui cerimónia de abertura, exposição dos dez anos, sessão com altos responsáveis, cimeira de líderes e seminários de promoção de projectos.

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Plataforma online

O presidente do Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) foi um dos participantes de relevo nas actividades preliminares do próximo FGD. Realçou que Macau tem, também neste contexto, a oportunidade de fortalecer o seu papel de plataforma de colaboração entre a China e os países de língua portuguesa, assim como melhorar a sua própria diversificação económica.

Para Jackson Chang, é evidente que o Governo da RAEM tem atribuído grande importância ao FGD. Prova disso é o mecanismo de colaboração de longo prazo com as províncias e regiões do Grande Delta estabelecido nas áreas de comércio, investimento, turismo, cultura e indústria, que Macau, garante, tem sabido aproveitar ao máximo.

Sobre a 10ª edição do FGD, adiantou que teve como novidade uma plataforma de venda online dos produtos das cidades, regiões e países envolvidos. Serve ainda para que países lusófonos e interessados da China e de Macau possam conversar e estabelecer parcerias, além da promoção das vendas. A ideia é que a plataforma funcione não apenas nesta edição do FGD, mas que se torne um instrumento permanente.

 

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Mais próximos, mais fortes

Após a assinatura do Protocolo do Quadro de Cooperação da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas, em 3 de Junho de 2004, em Cantão, iniciou-se oficialmente a cooperação regional. O Pan-Delta do Rio das Pérolas compreende nove províncias nas áreas oriental, central e ocidental da China – Guangdong, Fujian, Jiangxi, Hunan, Guangxi, Hainan, Sichuan, Guizhou (região autónoma), Yunnan – e duas regiões administrativas especiais, Macau e Hong Kong. Representa 20 por cento do total da área da China e um terço da população. A região do Pan-Delta (mesmo excluindo Hong Kong e Macau) contribui com mais de 35 por cento para o total da economia da República Popular da China. Ao longo dos anos, tem desenvolvido um intercâmbio económico que beneficia das características especiais dos membros. O Fórum para a Cooperação e Desenvolvimento da Região do Pan-Delta do Rio das Pérolas e a Feira para a Cooperação Económica e Comercial são eventos organizados anualmente. Já se realizaram oito edições (de 2004 a 2012, com excepção de 2008). O primeiro fórum decorreu em Hong Kong, Macau e Cantão, em Junho de 2004, sob o tema “Desenvolvimento conjunto para a criação do futuro”.