Comunidade chinesa em São Paulo estimada em 200 mil pessoas

A comunidade chinesa em São Paulo, incluindo os nascidos na China e os descendentes, é estimada em 200 mil pessoas, a maior do Brasil, segundo o presidente da ONG JCI Brasil-China, Chang Kuo I.

A estimativa considera os chineses continentais e também os nascidos em Taiwan e Hong Kong. “A comunidade chinesa no Brasil não é homogénea, há muitos grupos que se identificam mais pela região ou pelo idioma”, afirmou Chang Kuo I, 35 anos, 25 deles vividos no Brasil.

As actividades desempenhadas no Brasil pelos migrantes chineses estão ligadas à época da sua chegada ao país. O presidente da JCI Brasil-China realçou que, na onda migratória das décadas de 1960 e 1970, viajaram para o Brasil chineses com formação técnica, empregados em obras do Governo por todo o país, e empreendedores.

Já na década de 1980, os recém-chegados tinham menos formação educacional, e estabeleceram-se no ramo dos negócios, com pequenos comércios e restaurantes. “Na migração mais recente, percebem-se expatriados por empresas chinesas ou ‘joint ventures’, altamente qualificados, que estudaram no exterior, e também continuam a chegar comerciantes”, disse Chang Kuo I.

Sobre a integração no Brasil, o representante da comunidade referiu que os chineses têm uma “convivência pacífica e respeitosa”. “Os brasileiros têm consideração com o povo, reconhecem que é um povo trabalhador”, disse.

Uma das principais actividades da ONG JCI Brasil-China é a realização de eventos culturais de caráter educacional, tanto com foco na cultura chinesa, como com actividades sobre o Brasil, com o objectivo de promover a integração.

A ilustradora Mônica Chan, 26 anos, nasceu no Brasil, filha de imigrantes chineses, e preserva tradições do país, como comer uma sopa de massa ao pequeno-almoço, tirar os sapatos para entrar em casa e beber água morna. “Quando eu ficava doente, a minha tia me fazia beber água morna. Estive na China no ano passado, fiz um intercâmbio, e percebi que isso era um hábito, eles sempre bebem assim”, disse.

Mônica Chan contou que frequentava uma instituição da comunidade chinesa quando era criança, para fazer aulas de mandarim na Liberdade, um bairro conhecido pela sua comunidade oriental em São Paulo. Actualmente, estuda o idioma no Instituto Confúcio, onde a maioria dos alunos é brasileira. “Os professores do Instituto Confúcio são jovens, e não falam português facilmente, mas são interessados e abertos. A migração que chega agora é mais aberta aos brasileiros. A mais antiga ficou mais dentro da comunidade, vejo pela minha família, que tem mais amizades com chineses”, disse.

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, inicia na segunda-feira uma visita de três dias ao Brasil.