Dossiê MTC | Tradição a pensar no futuro

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) faz parte do quotidiano de Macau. As farmácias chinesas multiplicam-se no centro da cidade e são muitos os residentes que recorrem a este tipo de medicina para tratar e, sobretudo, prevenir problemas de saúde

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Texto Sofia Jesus | Foto Gonçalo Lobo Pinheiro

 

No ano passado, foram dadas mais de 1,16 milhões de consultas de MTC em Macau – um número que representa uma ligeira descida (de 0,8 por cento) em relação a 2013.

De acordo com as mais recentes estatísticas dos Serviços de Saúde, Macau contava em 2014 com 194 consultórios privados de MTC – menos 17 do que em 2013. Às consultas registadas nestes consultórios particulares somam-se as efectuadas em policlínicas e, ainda, as consultas externas hospitalares – estas últimas continuaram a aumentar e ultrapassaram as 157 mil, em 2014.

O número de profissionais que exercem MTC em Macau tem vindo a crescer. Se em 2012 eram 569, no ano passado eram já 607.

“Os residentes de Macau mantêm uma longa tradição no que toca a adoptar a MTC como parte integral do seu sistema de saúde e da sua vida quotidiana”, comenta à MACAU Wang Chunming, professor assistente no Instituto de Ciências Médicas Chinesas da Universidade de Macau.

Já o médico Wing Kuan trabalha numa policlínica onde há também consultas de especialidade da medicina convencional. Entre os pacientes que o procuram, metade é de origem chinesa e a outra metade são estrangeiros. Em todo o mundo, há cada vez mais ocidentais a optarem pelo “recurso a métodos naturais”, sublinha o médico. Neste contexto, acrescenta, a acupunctura e a massagem Tui Na são cada vez mais populares, mas as plantas medicinais chinesas não tanto, já que estes pacientes “não gostam muito do cheiro das ervas”.

Uma situação comum hoje em dia é ditada pelo factor tempo, exemplifica Wing Kuan: “Se quiserem parar os sintomas rapidamente, [os pacientes] tendem a escolher a medicina ocidental. Só depois recorrem à MTC”.

 

Um futuro promissor

“Nós, académicos, estamos optimistas quanto ao desenvolvimento da MTC em Macau”, afirma Wang Chunming. Nesta fase, acrescenta o professor, “o Governo pode ganhar mais confiança no estabelecimento de Macau como um centro global para a investigação e o desenvolvimento da medicina chinesa, não só através do reforço do apoio financeiro, mas também através da promoção de medidas e de benefícios na área dos recursos humanos”.

O docente defende ainda que o Governo da RAEM deveria procurar promover uma maior colaboração com instituições chinesas e internacionais, bem como aprovar “planos estratégicos” nos ramos da investigação e do desenvolvimento industrial.

Já o médico Wing Kuan entende que o Executivo deveria criar mais oportunidades de formação contínua para os profissionais da área – um exemplo deixado é a promoção de palestras com mestres conceituados que possam partilhar as suas experiências com os médicos locais.