Macau voltou a afirmar-se como “cidade latina”

Macau voltou a afirmar-se como “cidade latina” com um desfile com 1.500 artistas e figurantes, locais e estrangeiros, com o qual iniciou as celebrações do 16.º aniversário da transferência da administração de Portugal para a China.

Macau é uma região administrativa especial da China desde 20 de Dezembro de 1999, celebrando esta data com a parada “Macau, cidade latina” desde 2011, naquele que é um dos maiores eventos festivos do território e que este ano (tal como em 2014) custou 16 milhões de patacas (mais de 1,8 milhões de euros).

Este ano, o desfile, em que os Caretos de Podence representaram Portugal, serviu também para comemorar o décimo aniversário da classificação do centro histórico de Macau como património da humanidade pela Unesco, a agência das Nações Unidas para a Educação e a Cultura.

A parada, que atrai milhares de pessoas, é para continuar, “com certeza”, seguindo o mesmo modelo e com a mesma dimensão, assegurou o presidente do Instituto Cultural do território, Guilherme Ung Vai Meng, em declarações aos jornalistas.

“Macau é pequeno, tem 600 mil habitantes, mas Macau tem quatro séculos de intercâmbio, não só entre Portugal e Macau, mas com o mundo ocidental. Macau é uma chave que abre muitas portas, entre a China e a Europa. É uma chave com quatro séculos, não é uma chave nova”, afirmou, insistindo na ideia de que as ligações não se limitam a Portugal, mas ao “mundo latino, França, Itália, América do Sul e África”.

“Essa é a nossa característica, importantíssima, de certeza que continuamos [a realizar este evento]”, acrescentou.

Ao todo, foram 52 os grupos que percorreram o trajecto entre as ruínas de São Paulo, símbolo de Macau, e a praça do Tap Seac, onde foram colocadas bancadas para o público assistir aos espectáculos e ao final do desfile.

Ung Vai Meng sublinhou que esta é uma forma de promover o centro histórico e a história de Macau no exterior.

Grupos e artistas de França, Indonésia, China, México, Guadalupe, Taiwan, Brasil ou Cuba, entre outros países e territórios, estiveram nesta “parada latina”, para além dos Caretos de Podence, que pela primeira vez viajaram até à Ásia. “Vai ficar para a história do grupo”, disse à Lusa o presidente da Associação do Grupo de Caretos, António Carneiro, satisfeito pela “reacção muito positiva” do público aos caretos, “o grupo mais fotografado” e “diferenciado” do desfile.

“Onde vamos, voltamos sempre”, vincou António Carneiro, admitindo “grandes expectativas” em relação a esta apresentação em Macau.

Uma comitiva de 20 pessoas de Macedo de Cavaleiros viajou até Macau para esta apresentação dos Caretos de Podence no oriente, que estão a preparar-se para avançar com uma candidatura a Património Imaterial da Humanidade.

Para além dos artistas e figurantes, este ano, em diversos locais do percurso do desfile “Macau, cidade latina” foram colocadas obras de jovens ‘designers’ locais, convidados expressamente pelo IC para fazerem criações com esse fim, que os residentes no território poderão levar para casa dentro de algum tempo, no âmbito de concursos que o instituto vai promover ou através de uma inscrição cujas regras serão posteriormente divulgadas.