Chinês leva cada vez mais portugueses à escola

Macau tem há um ano uma nova escola de línguas, que fez muitos portugueses regressarem às salas de aulas para aprender chinês. A Escola de Línguas Global – Centro de Educação oferece cursos de mandarim, cantonês, português e inglês e tem já mais de 100 alunos inscritos.

 

 

Texto Catarina Domingues | Fotos Tiago Alcântara

 

Abriu as portas há um ano e conta já com mais de 100 alunos inscritos. A Escola de Línguas Global – Centro de Educação, que começou a funcionar em Novembro de 2015, oferece cursos de cantonês, mandarim, inglês e português. É um “negócio que está a crescer”, diz João Varela, director deste centro, realçando que faltava a Macau um projecto que concentrasse o ensino de várias línguas num espaço só. “Aprendes cantonês ali, mandarim noutro sítio, inglês também, mas não é concentrado [num só espaço] nem orientado para ser um projecto comercial”, realça.

A Escola de Línguas Global é um projecto educativo direccionado para a população de Macau e que pretende estar na vanguarda do ensino das línguas portuguesa e chinesa – mandarim e cantonês – na RAEM. Além das aulas em grupo, o centro oferece ainda cursos a associações e empresas, bem como pacotes especializados em diferentes áreas. “Se já tiverem um domínio razoável da língua e quiserem especializar-se, por exemplo na área dos recursos humanos ou das finanças, compram pacotes e ganham vocabulário e fluência numa área específica.”

Entre os alunos desta escola de idiomas, os portugueses estão em maioria, perfazendo “talvez entre 50 a 60 por cento” do número total de estudantes, refere ainda João Varela. As razões que os trazem aqui são diversas. “Penso que ponderam sobretudo o factor profissional, ou seja, qual a língua que na sua profissão pode constituir mais uma ferramenta.”

Nuno Pereira, jurista num departamento do Governo de Macau, está a frequentar o primeiro nível de cantonês. “Como trabalho na produção jurídica, muitas vezes é de algum interesse compreender os termos em chinês na discussão com os meus colegas, com os tradutores”, refere Nuno Pereira. Até à data, a aposta deste jurista tinha incidido sobre o mandarim, que aprendeu em Pequim, ainda antes de 1999. “Acho que depois de estar tantos anos em Macau, faz todo o sentido também aprender e aprofundar um pouco o cantonês”, conclui o jurista, que admite ter vindo a aperceber-se de um interesse crescente da parte da comunidade portuguesa na aprendizagem do chinês.

Gabriel Wei Xing, professor de mandarim neste centro de línguas, trabalhou em Pequim antes de vir para Macau, onde vive há cerca de quatro anos. O professor sublinha que a procura de cursos de mandarim prende-se também com o facto de “haver cada vez mais companhias do Interior do País a posicionarem-se em Macau”.

Os professores contratados para dar aulas no centro “são escolhidos a dedo”, nota ainda o director João Varela. E passam por um estágio. “É para se habituarem ao nosso programa, ao nosso método de ensino, ao nosso estilo que é muito virado para o pragmatismo. Todos os dias sais daqui a aprender alguma coisa nova que possas usar no dia seguinte na rua, quer seja em cantonês ou em mandarim. O formalismo às vezes desmotiva as pessoas na aprendizagem e, portanto, nós temos um sistema muito próprio de ensino”, aponta João Varela.