Em Pequim para estudar chinês

Daniela Atraca Gonçalves, antiga aluna da Escola Portuguesa de Macau, foi para Pequim estudar mandarim após o ensino secundário. A frequentar a licenciatura em Língua e Cultura Chinesa, a jovem de 22 anos quer regressar à RAEM para trabalhar na área do turismo.

 

Texto Catarina Domingues

 

“Há uma expressão popular na China que é ‘ru xiang sui su’ e que equivale ao provérbio em português ‘Em Roma, sê romano’”, começa por dizer Daniela Atraca Gonçalves, estudante universitária em Pequim.

Daniela chegou à capital chinesa logo após o ensino secundário, que concluiu na Escola Portuguesa de Macau, e quis adaptar-se de imediato à vida na cidade: anda de bicicleta ou de mota eléctrica, vai experimentando a gastronomia local e até vê canais de televisão chineses. “Neste momento estou a ver uma série sobre a guerra entre a China e o Japão e, apesar da língua ser mais avançada, é interessante. “A jovem admite, porém, que tem tido pouco tempo para viver a cidade. Há ainda muito que estudar, muitos caracteres chineses para decorar.

Falamos com a estudante portuguesa, nascida em Macau, através do Skype. Do outro lado do computador está também a mãe, que a foi visitar a Pequim por estes dias.

“As pessoas perguntam-me sempre, mas porque é que foste para a China?”, recorda Daniela, admitindo que chegar a Pequim foi uma surpresa. “Abri os olhos, a China é tão grande, tem culturas e pessoas diferentes, os chineses estão muito abertos a receber os estrangeiros. Nunca pensei que fossem assim, eu olhava para a China de uma maneira muito diferente.”

Daniela tem 22 anos e está a frequentar a licenciatura de Língua e Cultura Chinesa com especialização em Economia na Universidade de Línguas e Cultura de Pequim (BLCU, na sigla inglesa). Antes de começar os estudos universitários, frequentou durante dois anos um curso intensivo de mandarim no mesmo estabelecimento de ensino superior. Recorda o momento exacto em que tomou a decisão. “Um dia estava a ver um programa no Canal Macau sobre alunos chineses que decidiram estudar português e pensei: se eles aprendem português, por que razão eu não aprendo a língua deles?”

Para esta filha de mãe macaense e pai moçambicano, começar a aprender chinês em Pequim não foi difícil. Além de já ter conhecimentos de cantonês, Daniela também teve aulas de mandarim na Escola Portuguesa de Macau.

A mãe, Isabel Atraca, que visita a filha três vezes por ano, apoiou desde sempre a decisão. “Falar mandarim abre muitas portas para uma das culturas mais antigas e fascinantes do mundo e, cada vez mais, a China está a tornar-se numa importante economia mundial e qualquer pessoa que tenha no seu currículo o mandarim, acho que é muito útil e traz uma vantagem competitiva extraordinária”, aponta Isabel.

O regresso a Macau desta jovem portuguesa é quase certo. Daniela diz que quer voltar a casa para trabalhar na área do turismo. Com o desenvolvimento deste sector são necessários profissionais que dominem a língua mais falada da China, nota. “Muitas pessoas que vão a Macau não falam cantonês, mas mandarim e, por isso, são necessárias pessoas que dominem o mandarim, sejam estrangeiras ou chineses locais.”

A mãe sublinha que, neste momento, “é uma grande vantagem ser-se bilingue, falar chinês e português, porque há muitas oportunidades de emprego, quer na função pública, quer no sector privado em Macau”.

Questionada sobre se a ida para o Interior do País é uma opção para cada vez mais alunos da Escola Portuguesa de Macau, Daniela realça que não tem notado muito interesse por parte da comunidade. “Não tenho visto muitos interessados e tenho sugerido que o façam. É muito importante para quem quer voltar para Macau e a única opção é virem [para o Interior da China] e estar neste ambiente para estudar, porque fora disso eu acho que é impossível.”