Macau põe fim à venda de aves vivas

O Governo de Macau proibiu a venda de aves vivas, depois de, em Dezembro passado, ter sido registado um caso de infecção humana de gripe aviária.

A proibição de venda entrou em vigor na segunda-feira, com o fim de “todas as actividades de transações comerciais e venda a retalho de aves vivas destinadas ao consumo humano”, anunciou José Tavares, presidente do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM).

Há muito que a proibição da venda de aves vivas era discutida, por motivos de saúde pública, mas o Governo tinha vindo a adiar a medida, contestada pela população e pelos vendedores.

“[Queremos] evitar qualquer instabilidade na nossa sociedade e proteger a saúde da população. A situação tornou-se cada vez mais crítica. A solução mais eficaz é o corte da cadeia de transmissão, para evitar um surto”, disse Ung Sao Hong, do conselho de administração do IACM.

O responsável lembrou que, entre Dezembro do ano passado e Fevereiro deste ano, foram registados três casos.

Os últimos cinco casos em que o vírus de sub-tipo H7 foi detectado em Macau – o mais recente em Fevereiro deste ano – resultaram no abate de cerca de 62 mil aves.

As autoridades de Macau registaram um caso de infecção humana em Macau e outro importado, numa mulher contagiada na China, que se deslocou depois à cidade.

Habitualmente, após cada caso, a venda de aves vivas era suspensa temporariamente. Depois do último caso não foi retomada.

O Governo vai compensar os cerca de 250 trabalhadores do sector de venda de aves de capoeira pelas perdas nos mais de 80 dias em que a venda esteve suspensa, mas ainda não foi acordada uma solução para o futuro.

Por aquele período, cada trabalhador vai receber 200 patacas por dia (cerca de 23 euros), o que totaliza um gasto de cerca de 4,3 milhões de patacas. Os vendedores vão ser ainda compensados pelas aves abatidas nos últimos três casos, no valor de 1,8 milhões de patacas.

No dia 15 de Maio, o Governo vai voltar a encontrar-se com o sector, com quem já se reuniu duas vezes. “Temos uma proposta, mas queremos ouvir as deles”, disse Tavares, sem adiantar que tipo de proposta está em cima da mesa.

Um comunicado do IACM indicava que o Governo vai reunir-se com os representantes “para encontrar um plano razoável de subsídio e assistência”.

O presidente do IACM afirmou que os vendedores têm insistido sempre na continuação da venda de aves vivas, garantindo não terem condições para substituir a sua venda pela de aves refrigeradas.

Representantes da Associação dos Negociadores de Aves Domésticas estiveram na sede do IACM para manifestarem a sua oposição à medida.

Em Junho passado, um estudo indicou que quatro em cada dez residentes de Macau se opunham à substituição de aves vivas por refrigeradas.

O inquérito, destinado a avaliar a reação do público à medida que o Governo aplicou agora, concluiu que 42,2% dos 1.026 inquiridos eram contra ou absolutamente contra a medida, 24,2% exprimiram concordância ou absoluta concordância e 33,3% afirmaram serem indiferentes ao assunto.

Em Janeiro, a Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou estar em alerta perante a propagação de surtos de gripe das aves, com casos reportados em cerca de 40 países desde Setembro passado.