Luanda e província chinesa de Guangdong afinam acordos que incluem parque empresarial

O presidente da Confederação Empresarial de Angola revelou que está em preparação a construção de um grande parque empresarial na província de Luanda, com cerca de 2.000 hectares, em cooperação com a província chinesa de Guangdong.

“Estamos a preparar a construção de um grande parque empresarial – o Luanda-Guangdong Business Park – na província de Luanda, mais concretamente em Viana, na zona económica especial, com uma extensão de cerca de 2.000 hectares, onde se poderão instalar empresas de Cantão”, disse Francisco Viana à margem de um fórum para o comércio e o investimento entre Angola, Guangdong e Macau, inserido na Feira Internacional de Macau (MIF).

Esse parque empresarial surge no quadro de um protocolo de cooperação entre a Confederação Empresarial de Angola e o Conselho de Promoção do Comércio Internacional da China em Guangdong (CCPIT) que tem como objectivo, “no fundo, ajustar a vontade política à prática empresarial”, explicou.

“Já estamos a trabalhar. A zona económica especial já está totalmente infra-estruturada [e] temos aqui uma proposta de arranque para mais de 20 empresas”, adiantou.

Este protocolo surge na senda de outro – igualmente em fase final de preparação – entre as províncias de Luanda e de Guangdong. Iniciado pelo anterior governador da província angolana, Higino Carneiro, “procura não só organizar a cooperação”, “mas também geminar várias cidades”, explicou Francisco Viana.

Em preparação figura também o plano para desenvolver “um condomínio de agro-negócios, de fazendas”, “numa zona de 150 mil hectares”, descrita por Francisco Viana como “uma experiência piloto”.

“Temos apoio claro dos governos centrais, das nossas embaixadas e agora a parte mais difícil é fazer da teoria prática”, sublinhou o mesmo responsável, descrevendo os acordos na calha como “estruturantes”.

A MIF tem Angola como “país parceiro” e a província de Guangdong, adjacente a Macau, como “província parceira”, pelo que havia expectativas em torno da assinatura de acordos durante o evento, algo que o presidente da Confederação Empresarial de Angola reconheceu.

“Seria [de esperar]”, mas não sucedeu devido sobretudo às mudanças em Angola, que realizou eleições. “Mudou-se muita coisa”, disse, referindo-se ao Presidente, aos ministros e aos governadores, salientando ser preciso “deixar a poeira assentar”.

“Ainda nem sequer foi aprovado o Orçamento de Estado e, depois, esse tipo de protocolo tem que passar necessariamente pelas relações exteriores e pelo visto dos respectivos chefes de Estado, portanto, é só por isso”, justificou.

Neste sentido, considerou, “é uma questão de tempo”: “Os protocolos vão ser assinados, quer a nível dos governos, quer a nível das geminações, quer a nível das nossas associações empresariais”.

As trocas comerciais entre a China e Angola totalizaram, nos primeiros oito meses do ano, 15,06 mil milhões de dólares, de acordo com os Serviços de Alfândega da China.

Segundo dados divulgados hoje por Chen Yunxian, membro do grupo central do Partido Comunista da China na província de Guangdong, que esteve entre os oradores do fórum, o comércio entre Angola e Guangdong foi de 520 milhões de dólares entre Janeiro e Agosto, mais 110% em termos anuais homólogos.