Roteiro Cultural | Há mais vida na cidade

Longe vão os dias em que o Centro Cultural e o Museu de Arte dominavam por completo a paisagem cultural de Macau. Entre galerias e espaços multifacetados, uma casa dedicada ao cinema e outra ao design, a RAEM tem hoje lugares de cultura que se estendem da zona norte da cidade à Taipa e a Coloane. O mapa cultural e criativo da cidade promete continuar a crescer.

 

 

Texto Hélder Beja

 

Centro Cultural de Macau e Museu de Arte de Macau

Avenida de Xian Xing Hai, Macau

 

Convivendo lado a lado, o Centro Cultural de Macau e o Museu de Arte de Macau compõem o maior e mais bem equipado pólo cultural da cidade. No primeiro, é possível assistir com regularidade aos espectáculos mais relevantes que passam pela região, das formações clássicas do Festival Internacional de Música aos espectáculos multidisciplinares do Festival de Artes de Macau e às sessões do Festival Internacional de Cinema e Cerimónia de Entrega de Prémios. Já no Museu de Arte, os visitantes podem apreciar uma colecção permanente composta por trabalhos de artistas locais e do Sul da China, bem como mostras temporárias de nomes relevantes da arte chinesa actual, como Xu Bing. Pintura chinesa, caligrafia e cerâmica, por um lado, e arte contemporânea, por outro, fazem deste museu um repositório da cultura e da memória colectiva da região.

 

Cinemateca Paixão

Travessa da Paixão, 11-13, Macau

 

Na Travessa da Paixão, bem perto das Ruínas de São Paulo, tem morada a nova casa cinéfila de Macau. A Cinemateca Paixão é um edifício de três andares com uma pequena mas bem equipada sala de cinema, um biblioteca especializada e mais uns quantos espaços para os apreciadores da sétima arte. A programação e gestão do espaço está a cargo da CUT Ltd., empresa de Albert Chu e Rita Wong, nomes bem conhecidos no que toca à divulgação do cinema na cidade. Os filmes exibidos são acima de tudo os muitos que não chegam aos circuitos comerciais de Macau e Hong Kong, havendo ciclos temáticos a cada mês. Os dinamizadores da Cinemateca Paixão têm também reservado espaço para as produções locais e para a organização de workshops.

 

Art for All

Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, 265 – 4.º andar, Macau

 

A Art For All (AFA) é uma das mais duradouras e relevantes agremiações culturais de Macau, reunindo um número considerável de artistas locais ou radicados na cidade, e apresentando com regularidade as suas criações, em exposições individuais e colectivas. Além de promover dentro de portas o trabalho artístico feito em Macau, a AFA tenta também levar a outros países e regiões o que de melhor se produz na RAEM, participando em algumas feiras de arte. Todos os anos, o Salão de Outono, organizado em parceria com a Fundação Oriente, é um momento importante para dar a conhecer as novas caras das artes plásticas de Macau.

 

Centro de Design de Macau

Travessa da Fábrica, 5, Macau

 

Espaço arrojado e descentralizado, o Centro de Design de Macau quer ser um espaço de apresentação de novos projectos e também uma incubadora para as indústrias criativas. Com a assinatura de James Chu, durante muitos anos responsável pela Art For All, o centro acolhe criativos das mais diversas áreas através do aluguer de espaços, além de ter uma galeria, uma cafetaria e uma loja de produtos criativos locais. O terraço, repleto de plantas e com vista sobre os telhados da zona norte, é um dos segredos bem guardados do Centro de Design de Macau.

 

Taipa Village Arts Space

Rua dos Clérigos, 10, Taipa

 

É uma das mais recentes iniciativas culturais, liderada por João Ó, também ele artista plástico. Bem no coração da Velha Taipa, zona mais conhecida pelos muitos restaurantes e lojas de lembranças, o pequeno Taipa Village Arts Space tem-se dedicado a revelar novos artistas e a apresentar propostas menos conhecidas de autores já estabelecidos na cena artística local. Fotografia, pintura, ilustração e instalação – estas e outras formas de expressão encontram na nova galeria da Taipa um lugar para chegarem ao grande público, ou não fosse a Velha Taipa um dos locais mais procurados pelos turistas que visitam Macau.

 

Livraria Portuguesa

Rua de São Domingos, 16-18, Macau

 

A galeria da Livraria Portuguesa tem sido, ao longo dos anos, um lugar de encontro para literatos, artistas plásticos e outros criativos locais. Situada na cave desta casa de livros – porventura o espaço que mais diversidade de oferta tem no que toca à compra de publicações em Macau – a galeria acolhe lançamentos, debates e também exposições de artes plásticas de artistas locais ou ligados a Macau. A sua localização, em pleno centro histórico, faz com que seja um lugar de passagem para muitos residentes e turistas, acima de tudo para falantes ou estudiosos da língua e cultura portuguesa.

 

Fundação Rui Cunha

Avenida da Praia Grande, 49, Macau

 

É com quase toda a certeza o espaço cultural mais dinâmico e diversificado do momento em Macau. Não passa uma semana sem que a galeria da Fundação Rui Cunha receba uma palestra, uma inauguração de exposição, um concerto para piano, uma projecção de filme ou tudo isto em dias consecutivos. Projecto gizado pelo advogado Rui Cunha, que dá nome à instituição, tem feito um trabalho consistente e intenso de divulgação cultural e fidelização de públicos, mais uma vez com forte incidência nos falantes de língua portuguesa, mas não só.

 

Galeria Iaohin

Rua da Tercena, 39, Macau

 

As galerias comerciais em Macau são praticamente inexistentes e, só por isso, a Galeria Iaohin já tem o mérito de conseguir manter-se activa e relevante ao longo dos anos. Situada no Bazar chinês, uma das zonas da cidade que ainda conserva o charme da velha Macau, a Iaohin tem apostado em trazer  à RAEM trabalhos de artistas das mais diversas geografias. A arte local também merece atenção, mas sempre tentando não repetir os nomes habituais em exposições patentes noutros espaços da cidade. Florence Lam é a mulher por trás de um projecto que tem crescido, como provam as recentes parcerias com iniciativas de grande escala, como o Le French May, evento que celebra a arte e cultura francesa em Hong Kong e Macau.

 

Casa Garden

Largo de Camões, Macau

 

Se o espaço importa, é preciso dizer que a Casa Garden é provavelmente o mais belo espaço para acolher obras de arte em Macau. As suas duas galerias – mas acima de tudo a do piso superior – são do melhor que a cidade tem para oferecer quando se trata de albergar exposições colectivas ou individuais. Há anos sob a direcção de Ana Paula Cleto, delegada da Fundação Oriente em Macau, o espaço tem apresentado algumas das melhores mostras artísticas de que há registo. Acontecimentos anuais como o Salão de Outono, a exposição do World Press Photo e o festival Vídeo Art For All (VAFA) colocaram definitivamente este edifício histórico, vizinho do Jardim Luís de Camões, no roteiro cultural da cidade.

 

Oficinas Navais N.º 1 – Centro de Arte Contemporânea

Rua de S. Tiago da Barra, Macau

 

Mais um espaço ainda a cheirar a tinta fresca e destinado a levar a arte e a cultura a uma zona onde escasseiam as infraestruturas culturais. Situada na Barra, bem perto do Templo de A-Ma, esta foi em tempos uma zona de máquinas do estaleiro do Governo, onde se produziam e se fazia a manutenção de embarcações. Carregado desse legado histórico, o novo centro de artes está no entanto voltado para o futuro: pretende mostrar artistas plásticos locais e internacionais, bem como servir de palco a projectos de teatro experimental.

 

Edifício do Antigo Tribunal

Avenida da Praia Grande, Macau

 

Aquela que será a nova morada da Biblioteca Central de Macau é, por agora, um dos lugares mais apetecíveis para as diferentes associações e instituições que pretendem organizar actividades culturais. O Teatro Caixa-Preta do piso superior tem servido de palco aos mais diversos espectáculos de colectivos teatrais locais como a Comuna de Pedra. As salas do piso térreo são há anos a casa do Festival Literário de Macau – Rota das Letras e de outras iniciativas. Foi ali, por exemplo, que se celebraram recentemente os 150 anos do nascimento do poeta Camilo Pessanha. Não será fácil encontrar outro espaço tão central, emblemático e multifuncional quando as salas do antigo tribunal derem finalmente lugar às estantes e aos livros da biblioteca que ali nascerá.

 

Casa do Povo

Travessa da Pipa, 4, Coloane

 

Este projecto tem, desde logo, o mérito de querer levar à ilha de Coloane qualquer coisa que raramente lá chega: as artes e a cultura da RAEM que, sendo pequeno, é ainda centralizado. Mica Costa-Grande, Sofia Salgado e Eloi Scarva já fizeram a sua declaração de intenções: transformar Coloane numa aldeia artística. Não será certamente uma empresa fácil, mas os primeiros passos estão dados, com exposições, lançamentos de livros e ideias que passam pela abertura de ateliers e parcerias com diferentes instituições locais. Literatura, fotografia e escultura são os três campos em que a Casa do Povo quer deixar a sua marca.

 

Creative Macau

Avenida de Xian Xing Hai, Macau

 

Criado em 2003, o Creative Macau define-se como um centro para as indústrias criativas da região. A sua galeria, situada no piso térreo do Centro Cultural de Macau, recebe em permanência exposições de artistas locais e criadores europeus, ou não fosse este um projecto desenvolvido pelo Instituto de Estudos Europeus de Macau. O Creative tem vindo a trabalhar em 12 áreas que considera fundamentais para o desenvolvimento das indústrias criativas locais. Destas, o cinema, com a organização do Festival Internacional Macau Sound&Image Challenge, tem sido uma das que maior atenção vem recebendo.

 

Macau Art Garden

Avenida Dr. Rodrigo Rodrigues, 265, Macau

 

Trata-se de todo um edifício dedicado às artes. Este projecto, criado por uma série de instituições artísticas da RAEM, entre elas a Art For All, nasceu com o apoio da Secretaria para os Assuntos Sociais e Cultura. O edifício de cinco andares na Avenida Rodrigo Rodrigues, bem no centro da cidade, oferece actualmente espaços para exposições, uma loja de produtos culturais e criativos que serve de plataforma para a venda de obras arte e produtos criativos locais, uma área para crianças, outra dedicada a jovens artistas, e zonas para oficinas de arte abertas ao público. Além disso, há ainda 36 estúdios que, de acordo com o Macau Art Garden, acolhem presentemente cerca de 50 artistas.

 

MMM Workshop e JUJU Studio

Rua da Barra, 45, Macau

 

O artista local José Lázaro das Dores decidiu abrir as portas deste espaço de workshops junto ao Largo do Lilau, corria então o ano de 2014. Situado num bairro tradicional e com uma audiência maioritariamente local, o MMM Workshop e JUJU Studio tem atraído gente de todas as idades, interessada em dar os primeiros passos em diferentes técnicas artísticas ou em aperfeiçoar os seus dotes. Pintura, desenho, gravura e outros meios de expressão vão sendo praticados nesta oficina que estimula a aprendizagem através da observação, e que também expõe o trabalho dos seus pupilos.

 

Anim’Arte

Largo Nam Van, Macau

 

É um dos mais recentes projectos promovidos pelo Governo de Macau, parte da revitalização da zona adjacente ao Lago Nam Van. Ao café gerido pelo Instituto de Formação Turística, aos barcos-gaivota que é possível alugar passear no lago e às feiras de artesanato que acontecem aos fins-de-semana, junta-se uma loja temática “Mapa Cultural e Criativo de Macau” e a designada “Galeria Junto ao Lago”. O espaço dá especial atenção às obras de jovens artistas, tendo no ano passado apresentado trabalhos de pintura e caligrafia de 25 jovens autores, numa iniciativa em que o Instituto Cultural trabalhou em parceria com o a Associação dos Artistas de Belas-Artes de Macau.

 

What’s Up POP UP

Calçada do Amparo, Macau

 

Esta iniciativa privada veio dar nova vida à zona do Bazar chinês, bem nas imediações de algumas das maiores atracções turísticas de Macau. Com um café, lojas criativas, exposições e bancas pop-up, projecções vídeo e concertos, o What’s Up POP UP tem conseguido assumir-se como uma verdadeira ‘rua artística’, um novo ponto de encontro das mentes criativas do território. A mais recente edição do festival This Is My City levou alguns dos seus eventos para este espaço, dando-lhe ainda maior reconhecimento e visibilidade.

 

Albergue SCM

Rua de Eduardo Marques, 1, Macau

 

O Albergue é há vários anos um dos espaços culturais por excelência. Situado no Bairro de São Lázaro e dirigido pelo artista e arquitecto Carlos Marreiros, acolhe com regularidade exposições e oficinas que podem ir das mais arrojadas e inovadoras expressões artísticas, às mais tradicionais técnicas, como é o caso das esculturas de papel, tradicionais da cultura chinesa. Com um espaço de exposições e uma área para palestras e projecções, o Albergue recebe também feiras de artesanato e, por vezes, concertos que ocupam o famoso pátio rodeado de edifícios de traça ocidental e cor amarela, embelezado pelas árvores centenárias que ali descansam.

 

 

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Eventos para todos os gostos

 

O calendário cultural de Macau nunca foi tão preenchido como por estes dias. Do cinema à literatura, das artes plásticas às artes de palco, da música às performances de rua, são apresentadas mês após mês um número considerável de propostas culturais a residentes e turistas. Eis os principais destaques da agenda anual, iniciativas públicas e privadas a não perder

 

Festival Fringe

Janeiro

É por excelência o festival de rua de Macau. Durante o Fringe, tanto as agitadas artérias de Macau como sítios do património classificado pela UNESCO recebem as mais diversas propostas artísticas de grupos e criadores individuais locais e de outras partes do globo. Música, dança, teatro, performance, artes circenses e muito mais cabem na programação deste evento que se propagou por inúmeras cidades do globo e que já vem acontecendo em Macau há 17 anos. O espírito de festa e o colorido que empresta à cidade fazem do Fringe um momento único no calendário cultural da RAEM.

 

Bienal de Design de Macau

Janeiro/ Março

Já vai na 11.ª edição e ao longo dos anos tem-se assumido como um momento importante para que os criadores locais possam mostrar os seus trabalhos, ao mesmo tempo que convivem com obras vindas de várias partes do mundo. A mais recente mostra teve lugar em Dezembro passado, na Galeria de Exposições Especiais do Museu das Ofertas sobre a Transferência de Soberania de Macau. Os trabalhos mostrados são sempre alvo de uma rigorosa selecção e revelam o que de melhor se faz na Ásia mas também no Ocidente em termos de design. A actual exposição conta com mais de 200 obras e está patente até ao final de Março deste ano.

 

Photo Macau

Março

É mais um evento cultural prestes a nascer em Macau, quando a cidade acalenta assumir-se como um verdadeiro pólo artístico. A Photo Macau dedicará, como o nome indica, especial atenção à fotografia. A primeira edição está agendada para o período entre 25 e 28 de Março deste ano, e decorrerá no centro de exposições do Venetian Macau. O director do Centro de Fotografia de Genebra, Joerg Bader, e a principal curadora do Museu de Arte Contemporânea de Seul, Nathalie Boseul Shin, estão entre os nomes mais relevantes do conselho consultivo e de curadores do certame. Istambul é a cidade em destaque para a primeira edição, numa iniciativa com curadoria da coleccionadora e especialista na cena artística turca, Nina Öger.

 

 

Festival Literário de Macau – Rota das Letras

Março

É o único evento literário de grande escala organizado em Macau, trazendo à cidade autores da Grande China, dos Países de Língua Portuguesa e de muitas outras geografias. Começou em 2012 e vai já para a sua sétima edição. O cariz trilingue (chinês, português e inglês) e gratuito de grande parte do programa, bem como a atenção dada à música, às artes plásticas e ao cinema, além da evidente literatura, fizeram da Rota das Letras um festival transversal, que consegue atrair públicos diversos. Yu Hua, Valter Hugo Mãe, Wang Anyi e Dulce Maria Cardoso, Sérgio Godinho e Cat Power, o vencedor do Prémio Pulitzer Adam Johnson e os finalistas do Prémio Booker Madelaine Thien e Graeme Burnet são alguns entre as centenas de convidados que passaram por Macau nos últimos anos.

 

Festival Internacional de Cinema e Vídeo

Abril/Maio

O programa de apoio ao desenvolvimento de projectos cinematográficos do Centro Cultural de Macau (CCM), denominado Macau – O Poder da Imagem, foi ao longo da última década um importante espaço de liberdade e criatividade para os jovens cineastas locais. As verbas e o apoio dado pelo CCM às produções locais possibilitaram a existência de largas dezenas de filmes, do documentário à ficção, passando pela animação. Foi, por exemplo, ali que Tracy Choi, uma das promissoras realizadoras locais, deu os seus primeiros passos. Além das produções apoiadas e apresentadas no Festival Internacional de Cinema e Vídeo, há espaço nesta mostra cinematográfica para outros filmes de Macau, na secção Macau Indies; bem como para obras internacionais, com alguns dos filmes do Festival Internacional de Cinema de Hong Kong a serem seleccionados para passar em Macau.

 

Festival de Artes

Maio

É o mais importante acontecimento artístico e cultural de Macau a cada ano, pela sua escala, pela sua história (já vai na 28ª edição) e pela qualidade das propostas que apresenta. Organizado pelo Instituto Cultural, o Festival de Artes de Macau tem anualmente um programa rico e diverso, do teatro à performance, da música à dança. Artistas e grupos da China e de outros países asiáticos coabitam na agenda de espectáculos com criações vindas da Europa, dos Estados Unidos da América e também da América Latina.

 

Exposição World Press Photo

Setembro

Todos os anos Macau é a única cidade da China a receber a exposição com as fotografias vencedoras da competição World Press Photo (WPP). A mostra, organizada pela Casa de Portugal em parceria com a Fundação Oriente, acontece regularmente na Casa Garden e apresenta os melhores trabalhos fotográficos publicados na imprensa mundial. Poder aceder ao trabalho de alguns dos melhores repórteres de imagem do mundo – em categorias tão diversas como Assuntos de Actualidade, Ambiente, Natureza, Pessoas ou Desporto – tem sido um privilégio para residentes locais e visitantes. Está já confirmado que a exposição WPP visitará Macau pelo menos até 2020.

 

Festival Internacional de Música

Outubro

É provavelmente o festival que mais visitantes de Hong Kong atrai a Macau. Com um programa as mais das vezes invejável, consegue trazer à cidade as melhores orquestras do mundo, os mais finos executantes e as mais irresistíveis sinfonias. Também organizado pelo Instituto Cultural, o Festival Internacional de Música tem vindo ao longo dos anos a educar e a fidelizar um público que hoje esgota praticamente todos os seus espectáculos. Quem pudesse pensar que a música clássica – que compõem não a totalidade do programa mas uma grande parte – teria os dias contados nesta sociedade ultra-modernizada, pode olhar para Macau, para o sucesso deste festival, e perceber que tal está longe de acontecer.

 

Festival da Lusofonia e Semana Cultural da China e dos Países de Língua Portuguesa

Outubro

É a festa popular por excelência e celebra a multiculturalidade de uma cidade onde a influência portuguesa e lusófono ainda se faz sentir numa cidade mormente chinesa. Todos os anos, a zona do Carmo, junto às Casas-Museu da Taipa, enche-se de gente que acode às famosas barraquinhas de comidas e bebidas vindas dos quatro cantos do mundo que se entende em língua portuguesa. A juntar ao arraial, a arte e o artesanato tomam o palco, com concertos a acontecerem um pouco por toda a cidade, e mostras de artesanato e exposições a fazerem parte de um programa que destaca as culturas africanas de expressão portuguesa, Timor, Brasil, Goa, Portugal e, claro, que não se esquece de apresentar a cultura chinesa.

 

DocLisboa (Extensão de Macau)

Outubro/ Novembro

O Instituto Português do Oriente (IPOR) decidiu chamar a si a responsabilidade de trazer a Macau o melhor do mais importante festival de cinema documental em Portugal, e um dos mais relevantes da Europa. Os filmes do DocLisboa apresentados no Auditório do Consulado-Geral de Portugal representam o que de mais substancial se produz no que toca ao documentário em Portugal.

 

Salão de Outono

Novembro

Organizado pela Art For All e pela Fundação Oriente, este Salão de Outono, iniciativa de inspiração europeia, tem servido para revelar ou tornar mais conhecidos alguns dos melhores jovens artistas de Macau, como Eric Fok e Lai Sio Kit. As paredes da Casa Garden convidam os artistas a mostraram os seus trabalhos, independentemente do meio de expressão que utilizam. Depois, selecciona-os, organiza-os, dá-lhes dignidade através de uma exposição bem montada, oferece-lhes a possibilidade de chegarem ao público e de serem adquiridos e, além de tudo isto, premeia ainda o melhor artista de cada ano. O vencedor é contemplado com uma residência em Portugal e a possibilidade de expor na galeria Arte Periférica, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

 

This Is My City

Dezembro

O festival This is My City é um dos mais antigos de Macau, projecto que já teve várias vidas mas que nos últimos anos encontrou a criatividade e energia necessárias para crescer. Evento preocupado em pensar a cidade e a região que se insere, o This is My City trabalha sobre o planeamento urbano e a arquitectura, as indústrias culturais e o tecido social da cidade, trazendo a Macau especialistas em cidades e indústrias criativas, dinamizadores culturais e, claro, artistas de renome. Agora, o projecto estende-se pela primeira vez a Shenzhen, com o claro intuito de transformar-se num festival de escala regional e de promover o diálogo entre Macau, a China e Portugal.

 

Festival Internacional de Cinema e Cerimónia de Entrega de Prémios – Macau

Dezembro

Teve um começo atribulado, na sua primeira edição, mas parece agora querer encontrar o rumo certo, sob a direcção artística de Mike Goodridge e enfoque em novos cineastas. Evento de grande escala, com um orçamento capaz de atrair figuras maiores da sétima arte – como o caso do cineasta Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e presidente do júri da mais recente edição do festival de Macau – esta iniciativa tem tudo para poder entrar no mapa dos festivais de cinema mais relevantes da Ásia. A cada Dezembro, Macau vai atrair estrelas da sétima arte, mas também produtores e investidores que podem ser decisivos para fazer florescer a indústria do cinema, que muitos acreditam ter grande potencial.

 

Desfile Internacional de Macau

Dezembro

A anteriormente denominada Desfile por Macau, Cidade Latina continua a ser um dos grandes chamarizes turísticos da recta final de cada ano. Agora com o nome de Desfile Internacional de Macau, trata-se de um cortejo de grandes proporções, que convida para as ruas da cidade artistas de inúmeros países, prontos a apresentar os seus dotes aos milhares de pessoas que acorrem ao chamamento desta parada colorida, frenética e as mais das vezes surpreendente. Não é um desfile de carnaval, mas é sem dúvida o que de mais semelhante a isso Macau tem.

 

Festival da Luz

Dezembro

Dezembro é tempo de Festival de Luz em Macau. As Ruínas de São Paulo e o Lago Nam Van têm sido os locais privilegiados para este evento que atrai milhares de curiosos através de espectáculos de ‘video mapping’ e labirintos de luz. Mas há também exposições em diferentes espaços, como a Casa Garden, e intervenções em diferentes locais públicos, como paragens de autocarro e fachadas de edifícios. O bairro de São Lázaro, o Jardim Luís de Camões e as Casas-Museu da Taipa são apenas alguns dos locais aos que se estendem por norma as muitas luzes desta iniciativa da responsabilidade do Turismo de Macau. Na última edição, o tema do festival foi “Amor Macau”, inspirado nos momentos difíceis que a cidade atravessou depois da passagem do tufão Hato.